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Tag: rock europeu

Thirteen Senses – The Invitation. [download: mp3]

Thirteen Senses - The InvitationJá fui mais radical e tive uma pré-disposta implicância com bandas de rock que pertencem ao chamado “indie”. Porém, já faz alguns longos meses que meus ouvidos se abriram para uma experimentação ainda maior – e isso vem acontecendo cada vez mais, a medida que o tempo passa: deve ser porque estou ficando velho. O fato é que esta abertura e permitiu encontrar bandas muito boas, como o Death Cab for Cutie – cujo maravilhoso último disco já tratei aqui no blog – e o Thirteen Senses. Iniciantes no ramo, os ingleses desta banda conceberam um álbum de estréia que agrada em cheio à qualquer fã de música alternativa ou independente, algo que assemelha-se à maior parte dos artistas que pertencem à este grupo mas que, ao mesmo tempo, tem uma identidade bem clara.
O álbum começa com o single “Into the Fire”, cujo destaque dentro da melodia vai para o piano de acústica maravilhosa, mas que trabalha belamente junto com a bateria ritmada mas suave e a guitarra de acordes sobrpostos e bem planejados. O vocal de Will South vai junto com a harmonia, alternando entre o delicado e o mais exaltado – apesar de que sua voz nunca deixa de ter algo de sussurrante e aveludado. A letra é suavemente poética, composta de versos que incentivam e desafiam. “Thru the Glass” tem introdução que inicial lenta, com bateria distante e guitarras algo lamentosas, mas que logo ganha ares mais agitadas, com entranda de acordes mais rascantes de múltiplas guitarras e bateria mais forte. A melodia alterna entre estes momentos mais intensos e algo mais suave, acompanhando o vocal, muitas vezes em falsetto, de Will South. A letra trata dos ímpetos e desejos repentinos que nos trazem uma vontade de fugir e fazer algo inesperado, que não faríamos normalmente – é realmente uma canção linda. “Gone”, que trata de nossas ilusórias tentativas de provocar uma mudança que, já sabemos, não ocorrerá. Os violões e a guitarra da introdução são bárbaros e – só agora me vem à mente, vejam só – lembram algo do The Cranberries, com seus acordes esparsos e melancólicos. A bateria tem cadenciamento encorpado mas sempre delicado e o vocal de Will está perfeitamente entrosado com a melodia triste e algo arrependida. “Do No Wrong” tem uma letra poética muito bem trabalhada, e trata, em seus versos de revolta e inconformismo. O vocalista põe um cantar ainda mais suave e aveludado do que o utilizado até o momento, o que combina com o dedilhar absolutamente transcendental das guitarras ao fundo e o piano, a bateria e as guitarras, que compõem a harmonia principal da canção, apresentam-se mais encorpados durante o refrão. Resignação é a tematica dos versos meio episódicos da belíssima “The Salt Wound Routine”, que investe em bateria suavemente “rocker”, piano de acordes dramáticos, guitarras que acompanham a melodia e orquestração de cordas ao fundo, que amplia o sentimento de conformismo. “Saving” prossegue no poetismo contemplativo que trata novamente de conformismo, agora também com uma sensação que mistura fracasso e desistência. A música é baseada em piano e bateria de melodias cadenciadas, com guitarras e baixos acompanhando, e um epílogo melódico solo no piano fechando a canção. Tristeza e sentimento de resignação diante da incapacidade de ir além é o que nos traz as letras de “Lead Us” – já diz o título: alguém nos guia, não somos nós que tomamos a frente e desbravamos o caminho. A melodia utiliza com imensa beleza o piano e as guitarras, de acordes dedilhados que se destacam na música. “Last Forever” fala de um amor mas que sempre sobrevive, mesmo sacodido por alguns contratempos, e tem uma melodia que investe em uma bateria mais incorpada e guitarras mais profusas, além de um vocal um pouco mais alto no refrão. “History”, composta de versos de amor curtos, traz na sua melodia a partiicpação de um teclado à frente da melodia da música, que inicia-se com ele, tranquila, e ganha corpo com a entrada da guitarra de acordes rápidos e da bateria de cadenciamento rápido, ainda que suave. Porém logo a música volta a trafegar em uma suavidade guiada pelo teclado e por guitarras de acordes esparsos. “Undivided”, que traz versos que tratam de amizade e despreparo diante das situações na vida que nos desafiam, tem melodia muito bem trabalhada, com uma intodução baseada em acordes silenciosamente dramáticos no piano, e que ganha intensidade com o uso da bateria, guitarras e baixo, tão logo encerra-se o vocal. Em seguida temos a melodia de consistência suave e triste de “Angels and Spies”, com vocal lento e melancólico, e onde o piano e as guitarras quietas ganham a companhia da bateria somente na sua metade final. A letra sobre algum sentimento de complacência e alívio, diante do fim da sensação de confusão e do sofrimento que se impunha ainda há pouco. “Automatic” belíssima, fecha o disco com sua letra intensamente poética e música baseada no vocal sofrido e em acordes meio lentos e espaçados do piano e da guitarra, ganhando uma mudança melódica em sua parte final, onde os acordes do piano, mais adocicados, e a guitarra de acordes mais exaltados, intensificam a melancolia.
O disco de estréia desta banda, originária da mesma Cornwall que hoje é a casa de Tori Amos, tem a beleza complacente e algo transcendente de bandas como Death Cab for Cutie, e em alguns momentos lembra um pouco Keane, provavelmente devido à incidência do dramatismo produzido pelo piano. É sem dúvidas uma banda promissora, cujo trabalho tem a mesma qualidade da banda de Ben Gibbard, bem como compartilha com esta as letras intensamente poéticas e a melancolia sempre onipresente. É de ouvir vezes seguidas, ainda mais se for aproveitando uma caminhada descalço em uma praia ao entardecer.
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PJ Harvey – Is this Desire? [download: mp3]

PJ Harvey - Is this Desire?PJ Harvey (redução de Polly Jean Harvey) é uma cantora e compositora britânica magnífica, e em cujas composições a artista costuma entregar-se completamente. Entre todos os seus discos lançados até o momento, sem dúvidas o idiossincrático Is This Desire? foi o disco no qual a cantora mais derramou-se em vocais e instrumentação. O álbum foi uma fuga repentina do rock seco e cru, com vocais entoados geralmente em tons graves, predominante nos disco anteriores, para algo bastante diverso: ruídos de sonoridade suja, produzidos eletronicamente, piano, baixo e guitarras distorcidas são a tônica melódica deste disco sombrio e repleto de fobias.
“Angelene” abre o álbum e faz parte das canções mais calmas e acústicas dele: um piano triste, guitarras e baixos em acompanhamento e bateria cadenciada constroem a moldura para o vocal largadamente rock de PJ Harvey, que canta sobre as falsas esperenças e as ilusões de uma vida menos degradante de uma garota de programa. “The Sky lit up” tem letras que celebram uma noite de atos irresponsáveis, ou simplesmente desplanejados e cuja sonoridade revela a primeira das canções em que foi construída uma melodia repleta de ruídos eletrônicos retalhados, com bateria sintetizada feita de samplers e loops cíclicos, tudo compondo um conjunto melódico esplêndido, de tons repressivos e negros. O vocal de PJ Harvey é intenso e repleto de curvas tonais de graves e agudos, particularmente no ápice final da canção. “The Wind” alterna declamações sussurradas e vocais agudos, sob harmonia primordialmente sintética composta por loops, baixo, guitarra e bateria de sutilezas soturnas e com alguma frugalidade dark pontual. A letra fala sobre uma dama de espírito e personalidade algo mediavel, cheia de ingenuidades românticas, tentando aplacar seu sofrimento e solidão afetiva isolando-se em uma colina a escutar o soprar do vento. Aprimorando ainda mais a temática dreprê-underground, “My Beautiful Leah” trata em seus versos curtos da busca de um homem pela sua amante desaparecida, ao que parece, há meses. A base é primordialmente sintetizada, toda construída com eletronismos sujos, batida repetitiva e pratos pontuais que intensificam o desespero custusamente controlado do eu lírico das letras. O vocal de PJ Harvey permanece a totalidade da canção em um tom baixo, inseguro e sofrido. “A Perfect Day Elise” conta, de modo episódico, o ato criminoso ocorrido no calor do desespero de um homem rejeitado – é uma das melhores que conheço em termos de rock, ao mesmo tempo intensamente poética e realista. A melodia é um primor punk-rock, composta de loops e samplers de cadência forte, ruídos sujos pontuais e vocais intensos, modificados por uma filtragem eletrônica, o que intensifica a atmosfera de romance fadado à fatalidade e à desgraça – se um dia eu dirigisse um longa-metragem, estejam certos que uma das opções para fundo do crédito de abertura seria esta música. Pra lá de melancólica e depressiva, “Catherine” narra o interminável lamentar de um homem que sofre por amor, na sua inconsolável dor de cotovelo. A melodia permanece o tempo todo na mesma toada, construída com uma programação de teclados minimalistas e com vocal diferenciado de PJ Harvey, sofrido e suplicante. Essa é mais canção que mostra a impressionante capacidade que a cantora compor vocais tão diversos de uma canção para a outra, parecendo mesmo outra pessoa a guiar as letras – e isso não é, de forma alguma, competência exclusiva de pós-produção da canção. “Electric Light” prossegue no tom dark-minimalista, explorando mais uma melodia de base eletro-acústica, com silenciosos ruídos sintetizados acompanhados por uma batida de cadência repetitiva e letras breves, mais de complacência amorosa. Em “The Garden” temos, ao que parece, a exploração episódica de um romance gay, já que os protagonistas da letra são dois personagens masculinos. Mesmo que a analogia de homossexuais com seres alados divinos seja, para mim, algo absolutamente cafona e de mal gosto, os versos são sofisticados e apresentam o episódio em conformidade com a temática do disco. A melodia utiliza um orgão sutil ao fundo, sob bateria e loops encorpados, bem como belos acordes dramáticos de piano que pontual com classe e melancolia a melodia de quando em quando. O título da próxima canção, “Joy” é de um sadismo e ironia absolutos, visto que as letras que exploram e falta de esperança de uma mulher e sua imobilidade diante das desgraças da vida são tudo, menos contentamento. A música completa o tom opressivo das letras, sendo quase que inteiramente construída em programação, com profusão de loops sujos, soturnos e macabros, e tendo como ápice o vocal desigual de PJ Harvey, que assemelha-se ao extertor de sofrimento de um condenado. “The River” é outra canção de desilusão e incompatibilidade afetiva, novamente apresentando belos versos de tonalidades poéticas – nada mais literário do que transpor ao ambiente que cerca os personagens a variação de seus emoções e a intensidade da sua dor. A melodia é lindíssima, baseada principalmente em um piano de acordes perfeitos, de andamento triste e arrependido, com bateria discreta e alguma sonoridade sintética ao fundo. “No Girl So Sweet” apresenta em sua temática mais um romance marginal, fadado mais a trazer dor do que alegria aos amantes, com músicalidade marcante, de loops intensos, bateria acústica forte e guitarras muito bem compostas, que complementam o tom gritante do vocal distorcido de PJ Harvey. Finalmente temos a faixa título do disco, que surpreende ao despir-se quase inteiramente do eletronismo e priorizar uma musicalidade mais simples e sensual, baseada em bateria, um baixo de acordes fantasticamente esparsos e vocal lento e preguiçoso da cantora. A letra fala sobre mais um casal refletindo sobre o estado de seu relacionamento desigual.
Apesar de Is this desire? flertar com ruídos e sonoridades compostas sinteticamente, o produto final tem mais alma rock do que se poderia imaginar. Isso é resultado de uma produção muito bem planejada, que priorizou a utilização de experimentações apenas dentro do exigido. De musicalidade sofisticada e temática que explora romances marginais despedaçados pela confusão e imaturidade emotiva de seus personagens e pelas fatalidades da vida, este é um dos melhores álbuns de rock que já tive a sorte de ouvir e se faz obrigatório para entender a trajetória desta artista complexa e inovadora que é a britânica PJ Harvey – mais do que obrigatório para fãs de música. Baixe já o disco utilizando o link e senha abaixo.

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The Cardigans – Gran Turismo. [download: mp3]

The Cardigans - Gran TurismoGran Turismo é um álbum bastante rítmico, mas sua essência é algo seca, fazendo o uso mínimo de acústica – há total ausência de orquestrações dessa ordem aqui -, ou mesmo transformando os intrumentos que tem esta sonoridade num som mais chapado. Isto não é, de forma alguma, uma crítica. A banda The Cardigans construíu no seu álbum de 1998 melodias sincopadas idiossincráticas: assim como o The Cranberries no seu álbum de estréia, difícil achar uma ourtra banda que tenha feito um disco com uma identidade tão própria como este quarto lançamento da banda sueca.
O disco abre com a maravilhosa “Paralyzed”, que em seus versos fantásticos descreve de maneira precisa como o amor é um sentimento que devassae e desestrutura a realidade de quem o atravessa – o verso “This is where your sanity gives in and love begins” é simples, mas absurdamente efetivo. A melodia é a outra faceta fantástica da canção: como na maior parte do disco, é concebida uma batida seca e fugaz, que mistura o sintético e o acústico, e obtem-se uma base sincopada irresistível. A guitarra aqui servem de fundo harmônico, mesmo em sua construção minimalisticamente distorcida, e são usadas para dar apóio ao vocal totalmente cool de Nina Persson. “Erase/Rewind” continua com bateria sincopada, mas traz as guitarras mais para frente na harmonia, além de alguns acordes de violões e teclados que agora fazem o papel de fundo que a guitarra fazia na faixa anterior. Como sinaliza o título, a música traz versos simples que falam sobre a mudança de planos sobre aquilo que afirmamos. “Explode” tem letras e vocais de melancólia e desesperança afetiva, apesar do companheirismo também confesso nelas. A música, em si, compõem-se em uma balada linda, com bateria desnudada de acústica me primeiro plano e novamente com as guitarras – pra lá de sonoramente metalizadas – compondo um acompanhamento da emotividade do vocal de Nina, particularmente no refrão. A próxima faixa, “Starter”, tem breve introdução de teclados nostálgicos e deixa mais visível a mistura de bateria acústica e eletrônica, trazendo as guitarras de riffs breves no refrão e acordes levemente esparsos no restante da melodia. As letras falam sobre como as ações do passado persistem em exercer sua influência e mostrar-se presentes mesmo quando decidimos deixar tudo para trás e ensaiar um recomeço. “Hanging Around”inicia-se com um ruído sintetizado mínimo, e logo mostra os acordes deliciosos da guitarra e apresenta a bateria bem composta e com som propositalmente abafado. Não faltam também frugalidades esparsas na percussão e nos teclados e baixos, onde tudo acaba se misturando – bem ao gosto da banda – na parte final da melodia. As letras tratam de como, as vezes, tentamos mas não conseguimos compor uma identidade e acompanhar quem amamos – um dos meus versos preferidos deste disco está nessa música: “I hang around for another round until something stops me”. Em seguida temos “Higher”, linda balada repleta de suaves vocais de fundo, que ajudam a montar o painel de tristezas amorosas e da tentativa de elevação das letras. A melódia da canção se baseia em instrumentação sutil, com guitarra e baixo de acordes leves e espaçosos, bateria minimalista e teclados de apoio. “Marvel Hill” tem versos simplísticos que falam sobre como sempre buscamos algo só para nos sentirmos insatisfeitos e desejar muito mais. A melodia é uma das mais idiossincráticas do disco, fazendo uso eventualmente estranho de melodias secas, metálicas e algo “sujas” da guitarra e dos teclados e com uma bateria eletrônica mais evidente sobre a acústica. “My Favourite Game” é o grande hit do disco, merecidamente: a música, que tem letras de fúria e revolta amorosa, tem melodia pop/rock irresistível, com um riff certeiro de guitarra que pontua a música, bateria acústica muito e bateria sintetizada que incorpa muito bem a sonoridade da canção – o ápice rock do álbum. “Do You Believe” tem apenas 8 versos, que questionam as crenças ingênuas do amor, mas é tremendamente deliciosa em cada um deles. Guitarra, baixo e bateria acústica/sintetizada encorpam a sonoridade cadenciada que introduz a música e surge toda vez que some o vocal de Nina Persson; um orgão ao fundo faz o acompanhamente das letras nos momentos mais tranquilos, quando a vocalista entoa os versos em tom de descrença. “Junk Of The Hearts” é mais uma balada linda da banda, onde violões dão o ar da sua graça para adoçar a melodia desta música algo melancólica – isso praticamente no fim do álbum -, acompanhando o bela trabalho da bateria, baixo e teclados, que ajudam a compor o cenário de tristeza, e que ganha força com riffs mais viçosos de guitarra no refrão. O vocal de Nina é triste e afetuoso, transmitindo com precisão o lamento afetivo que compõem as letras. Por último temo “Nil”, uma pequena peça instrumental concebida toda com o teclado, cuja melodia é calma e algo depressiva – é linda e, com certeza, renderia ainda mais com um vocal de Nina em tom baixo.
Com certeza, depois do sessentista Life e do pop/rock de First Band on the Moon, a banda inovou ainda mais o seu trabalho com esse álbum, jogando pela janela a indentidade que, à época, a crítica musical construia da banda, vista como um grupo de musicalidade composta basicamente por uma nostlagia pop festiva dos anos 60. É certo que mesmo os discos anteriores tratavam do sofrimento amoroso, mas em “Gran Turismo” a banda começa a fazê-lo com sinceride emocional, transmitindo nas melodias exatamente a dor que se encontra nas letras. O disco foi um marco no trabalho de composição da banda, influenciando definitivamente tudo o que seria feito posteriormente. É obrigatório para qualquer pessoa que queria conhecer, a fundo, esta fantástica banda sueca.
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The Cranberries – Everybody Else Is Doing It, So Why Can’t We? [download: mp3]

The Cranberries - Everybody Else Is Doing It, So Why Can't We?O vocal de Dolores O’Riordan é a marca distintiva mais forte da banda irlandesa The Cranberries. Apesar das comparações feitas à época com a também irlandesa Sinéad O’Connor, a banda logo superou as críticas que apontavam similaridades entre seus trabalhos, e mostrou que sua música era muito distinta não apenas da grande cantora e compositora irlandesa, mas de todo o cenário musical da época. E isto não é nada difícil de perceber: com uma acústica exótica muito difícil de definir, onde até as guitarras soam como algo excepcionalmente estranho, as músicas de letras simples e sensibilidade acachapante que compõe o disco de estréia do Cranberries surpreenderam até ouvidos dos mais experientes.
“I Still Do” abre o disco marcando o terreno da banda: múltiplas camadas de vocais e backing vocals construindo uma reverberação distante, trabalhando em conjunto com guitarras e baixos de acordes dramaticamente esparsos e um piano profundamente minimalista. A letra, composta de uns poucos versos, fala da dor afetiva com a naturalidade de quem sofre por amor. “Dreams”, que continua investindo na temática lírica central do disco – as lamentações amorosas -, transformou-se em um sucesso estrondoso. Para entender o sucesso que o single fez, basta ouvi-lo: a música é uma balada pop que atinge o ouvinte como poucas, onde todos os instrumentos foram trabalhados de forma absolutamente integrada para construir uma melodia que desse apoio total ao vocal devassadamente em emotivo de Dolores. A música tem uma força tão impressionante que tornou-se um dos marcos maiores da identidade da década de 90 – não há como não mergulhar-se em lembranças da época ao ouvir “Dreams”. Em “Sunday” temos uma ligeira variação na melodia, deixando de ser preponderantemente melancólica para travestir-se de uma exaltação sutil e elegante – tudo por conta dos acordes marcantes do baixo e da beleza reluzente das cordas que compõem, particularmente, a abertura de tom contemplativo e o fechamento suavemente irascível da melodia. A letra de “Sunday” reflete os questionamentos de alguém que se sente rejeitado e retrata o comportamento inseguro e confuso de quem se vê em tal situação. A próxima faixa, “Pretty”, mostra como mesmo utilizando poucos recursos a banda consegue manter a sua sonoridade inovadora: a música esbanja simplicidade em seus poucos versos repetidos, que são um misto de ode e conclamação amorosa, e na sua melodia repleta de languidez, com sua base concebida no teclado idiossincrático, bateria e guitarras. “Waltzing Back” expressa em seus versos econômicos o temor de ter alguém retirado de nossa convivência. No entanto, a melodia não emoldura estas letras em uma sonoridade triste, mas o faz em tonalidades de urgência dramática e súplica furiosa, utilizando-se um teclado de acordes acúsiticos e os intrumentos básicos da banda, guitarra, bateria e baixo. Em “Not Sorry” os vocais de Dolores soam especialmente belos, trafegando entre o tom sussurrante e o brado mais lamuriante. As letras, em tom de confissão, falam sobre alguém que sofre, mas que ainda preserva seu orgulho. A melodia faz uso espetacular dos teclados, especialmente no refrão hiper-dramático, compndo sons reverberantes e distantes que se encaixam na expressão sofrida, mas altiva da vocalista. “Linger”, cujas letras tratam de alguém que declara àquele que ama que sente estar sendo enganado, é mais uma balada esplêndida, com guitarras e violões que constroem uma melodia pop muito bem estudada, de tonalidades nostálgicas absolutamente certeiras. As canções “Still Can’t” e “How” tem melodia semelhante, em ambas os instrumentos formam uma música forte, tempestuosa e urgente. As letras das duas canções também expressam sentimentos contíguos de estupefação e cólera em uma relação amorosa cuja dedicação nunca é recíproca. “I Will Always” e “Put me Down” também guardam semelhanças e complementam-se: enquanto uma fala de um amor que se encontra em seu limite, a beira do seu fim, a outra trata da decisão de abandonar uma relação que não traz mais o contentamento. A melodia de ambas é tranqüila e doce: com presença marcante de violões e teclados, e tonalidades contemplativas de bateria, baixo e guitarras, a música ganha cores mais dramáticas nos refrões, onde Dolores sempre demonstra toda a potencialidade e sensibilidade de seu vocal, especialmente nos vocais de fundo de “Put me Down” que tem algo de celestial e elevante.
O primeiro disco do The Cranberries foi o trabalho mais marcante da banda até hoje. O álbum seguinte consegue captar muito ainda da inovação sonora deste primeiro, mas a semântica composta de mágoa e ira afetiva das letas e as melodias reverberantemente tristes, repletas de nostalgia acústica e de cólera e orgulho afetivo atingiram a perfeição em Everybody Else Is Doing It, So Why Can’t We. Com o advento do terceiro disco, apesar de ser um bom trabalho, a banda já preferu abandonar a identidade que fazia dela um marco diferencial no mundo da música pop-rock. Resta, para aqueles que preferiam o som mais exótico inicial, apreciar os dois primeiros discos para saciar a vontade de escutar algo que foi tão inovador que jamais se repetiu novamente.
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Muse – Black Holes and Revelations (+ 1 faixa bônus). [download: mp3]

Muse - Black Holes & RevelationsCom a liberação na internet do primeiro single do aguardadíssimo novo disco da banda britânica Muse, um verdadeiro furor discursivo tomou de assalto as comunidades dedicadas ao trio. A sonoridade de “Supermassive Black Hole” assustou os fãs mais ferrenhos, angariando o ódio destes e a simpatia dos mais despreocupados. No entanto, a suspeita de ambas as “facções” que rapidamente se formaram era quase idêntica: o novo disco da banda mostraria um Muse bem diferente daquele adorado e conhecido pelos fãs.
Agora, depois de semanas de bate-boca e ofensas mútuas, o álbum vazou na internet – para variar – e as expectativas amainaram: há traços que diferenciam Black Holes & Revelations dos álbuns anteriores do Muse, mas nada que transforme radicalmente a identidade da banda.
Apoteótica a música da banda prossegue sendo, como podemos conferir na faixa de abertura, “Take a bow” e também em “Exo-Politics”, “Assassin” e “Soldier’s Poem”, todas faixas que assemelham-se pela mensagem política – algumas mais sutis e mais citacionais, outras mais explícitas – , que se abre universalmente contra o belicismo e a manipulação da opinião pública sem apresentar, contudo, qualquer tipo de pedantismo engajado – é Muse no seu melhor, com letras trabalhadas sem nunca esquecer que é, acima de tudo, música. Porém, os delírios de derramamento amoroso do trio britânico continuam firmes e fortes, como se pode ver no amor impossível de “Hoodoo” – balada espetacular, com a típica virada melódica da banda, à maneira da música erudita, com orquestração farta de pianos em apoteose e cordas épicas -, na dependência desmedida da bárbara “Map of the Problematique” – com sequências em que a bateria se faz deliciosamente preponderante – na emoção nada contida de “Invincible” – onde contribuem a bela introdução de teclado arranjado como um orgão e a bateria em tom marcial -, no embevecimento romântico de “Starlight” – de harmonia fulgurante, com teclados nostálgicos e bateria sincopada – e no amor nevrálgico de “City of Delusion” – com energizantes riffs de guitarra e o vocal intenso e delirante de Matthew Bellamy.
Apesar da identidade da banda fazer-se presente, ela se mostra-se intensamente mesclada com sonoridades que podem apresentar inspiração mais difusa em algumas faixas – como nos teclados da faixa de abertura, “Take a bow” – e bem mais clara a algo assumida em diversas outras. A música de identidade forte do The Mars Volta, por exemplo, pode ser reconhecida no sutil apeado latino dos acordes do violão, do ritmo da bateria e metais de “City of delusion”, na guitarra e baixo grave e profundo de “Hoodoo”, e na força que estes tem em “Knights of Cydonia”, com seu refrão de vocais sobrepostos. Além da referência à esta banda, de história mais recente no cenário musical, algo do pop contagiante do Depeche Mode do fim dos anos 80, do gostoso Europop que fez tanto sucesso à época, também é adotado em “Starlight”, música de melodia pop-rock fenomenalmente esfuziante e luminosa e, principalmente, na faixa “Map of the problematique” – com um arranjo perfeito no ritmo ensaiado e sincronizado entre bateria, guitarra, baixos, teclados e também no excelente uso que Matthew Bellamy faz de seu vocal.
Em tempos de copa do mundo, podemos conferir que a atitude de tecer críticas ao trabalho de quem idolatramos, tendo contato com uma fatia tão ínfima do trabalho que seria desenvolvido – já que todo o furor crítico inicou-se com apenas uma canção do novo disco do Muse e, no caso da seleção brasileira, tendo disputado apenas uma partida -, pode ser bastante imatura, uma vez que, na verdade, a crítica antecipou-se à apropriação daquilo que se objetiva analisar. Aqui estamos então, com um belo disco do trio britânico, vigoroso e com alguma sutil renovação, que acabou desmotivando todo o bate-boca insensato e, no futebol, nos preparando para a segunda disputa, amanhã, de nossa seleção. É esperar para que o resultado do desempenho dos atletas brasileiros seja tão inspirado, genuíno e animador como o do trabalho do Muse.

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Sigur Rós – Takk. [download: mp3]

Sigur Rós - TakkSe o disco Takk, o quarto da banda islandesa Sigur Rós, impressiona até alguém que não se consideraria fã – como eu -, imagine os que se declaram como tal. No primeiro álbum em que a banda admite interpretar as letras da músicas em língua genuinamente islandesa – ao contrário dos outros álbuns, em que o vocalista Jon Por Birgisson declarava cantar usando o que chamou de “Hopelandic”; um islandês primordialmente em tom falsetto – a banda aprimora e potencializa a sua sonoridade. Takk, apesar da notória barreira linguística cativa os ouvintes atráves de sua atmosfera melódica e lúdica, que sugere fábulas, utopias visuais das mais vastas, algo que transcende, através de seu som, qualquer noção individual ou coletiva que nos limita – homem/mulher, nacionalidade, língua. Em uma perfeita simbiose entre melodia e vocal, a banda consegue atravessar o que é puramente físico, corpóreo, e mexer intensamente no que nos constitui emocionalmente – o espírito, a alma, diriam os mais versados. São espcialmente a canções que se constroem em um climáx de crescendo contínuo ou que o fazem de modo cíclico que conseguem despertar tais sensações: impossível escutar as belíssimas faixas “Glosoli”, “Hoppipolla” e “Milano” sem fechar os olhos e se entregar inteiramente àquilo que surte à partir de suas audições: arrepios na espinha, devaneios de imaginação solta, lágrimas impossíveis de se conter. Os mais comedidos – mesmo estes – não vão conseguir controlar a vontade de simular com as mãos o movimento da bateria em tom imperial, os metais épicos ou a orquestra de cordas de um lirismo inconcebível. Sigur Rós já estabeleceu na música pop/rock/alternativa o seu equivalente do tom universalizador da música erudita – e de sua derivante direta, a trilhas sonora. Para toda e qualquer pessoa que ama a música, e sabe parar tudo o que está fazendo para apreciá-la, que é o modo adequado de apreciação de qualquer expressão artística, é uma obra de arte sublime. Entegue-se ao álbum sem medo.
Link para download depois da lista de faixas.

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Placebo – Meds. [download: mp3]

Placebo - MedsPlacebo está de volta como o imperdível álbum Meds, a ser lançado no dia 13 de Março desta ano. Tão logo terminei a primeira audição de Meds notei, tardiamente, que não apenas o embasamento melódico do álbum anterior está sendo levado à frente mas percebi também que Sleeping with Ghosts foi na verdade um ponto de partida para a concepção do novo álbum. Isso porque Meds aproveita tanto as novas experiências do álbum de 2003 que o Placebo de 2006 surge com um rock mais plácido e menos visceral do que nos seus três primeiros álbuns. A maior parte das músicas é harmonicamente mais contemplativa, algumas cujas introduções lembram inclusive bandas do fim dos anos 80/início dos 90, como o New Order de então: é o que ocorre na segunda faixa do disco, “Infra-Red”. E há também sonoridades inovadoras como a ambiência techno-rock-mórbida de “Space Monkey”. Com tudo isso, no plano sonoro Meds soa como um dos álbuns mais contraditórios da banda: consegue ser homogêneo ao mesmo tempo que abraça sonoridades tão diversas. Quanto às letras, o Placebo se apresenta nostágico-depressivo como costuma sempre ser, em belíssimos versos que confessam lamentos de utopia amorosa, como em “Pierrot The Clown”. Porém, ainda há espaço para letras que apregoam urgência e rancor, como na abertura do disco, homonimamente entitulada “Meds”, como o próprio disco. E é nessa e em outra faixa do disco – “Broken Promise” – que a banda traz duas participações especiais, respectivamente Alison Mosshart (do The Kills) e Michael Stipe (do R.E.M), para incrementar ainda mais a tecitura complexa deste álbum. É maravilhoso para qualquer fã descobrir que seus ídolos continuam inovadores e criativos, capazes de proezas lírico-sonoras como Meds.
Estas são as fontes para download do álbum que encontrei na internet. Escolhi colocar mais de uma porque o link do Rapidshare do qual baixei o álbum há algumas horas apresenta uma mensagem informando que o arquivo foi apagado pois é de compartilhamento proibido. Ainda assim resolvi deixar o link na lista, é o último e que precisava da senha para descompactação.

fonte 1:http://rapidshare.de/files/11270004/Placebo-Meds-2006.zip.html

fonte 2:http://rapidshare.de/files/11278508/Placebo-Meds-2006.rar.html

fonte 3:http://s65.yousendit.com/d.aspx?id=0U1QDK45BYN3U0SYP7UZKG5VLK

fonte 4:http://rapidshare.de/files/11350912/Placebo_-_Meds.rar.html

senha para descompactar fonte 3: remidalver.blogspot.com

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Placebo – Sleeping with Ghosts. [download: mp3]

Placebo - Sleeping With GhostsNão me eximo der comentar que sou um dos que teve a sorte de desfrutar de uma apresentação ao vivo de Placebo, que supreendentemente ocorreu aqui em Florianópolis, no ano passado. Outra oportunidade como essa, aqui na cidade onde moro, será difícil.
A turnê em questão, da qual fazia parte a apresentação na minha ciadade, ainda era a que promove o mais recente álbum da banda, Sleeping with Ghosts. Se comparado aos álbuns anteriores da banda, Sleeping with Ghosts nos sugere levemente que a banda está mais solta: suas melodias punk-rock já conseguem conviver com sutis experimentações mais eletrônicas, como é o casa da animadíssima faixa 2 do álbum,“English Summer Rain”, na qual Brian anuncia os aspectos imutáveis de sua sisuda terra-natal, a Inglaterra, usando como analogia a famosa e onipresente chuva britânica. Também pode entrar nessa classificação “Something Rotten”, que apesar do inconfundível estilo da banda se apresentar bastante claro, percebe-se algo de bjorkiano na atmosfera eletrônico-inusitada da faixa em questão.
Como de praxe, há os irresistíveis singles, especialidade de uma banda que consegue muito bem mesclar sua formidável habilidade comercial à uma criatividade impressionante. “Bitter End”, primeiro single lançado do disco, tem insistentes e deliciosos riffs de guitarra aliados à uma bateria precisa. Outro single seria “Special Needs”, que possui intro nostálgica que alia um baixo certeiro à acordes nostálgicos de piano. É a melodia certa para uma música que trata de um passado recente, mas que não deixa nunca de se configurar como irrecuperável.
E não vamos esquecer que o Placebo, mesmo que mais conhecido pelas sua canções cheias de energia, ainda tem o mérito de compor faixas de uma leveza tocante, o que faz a banda assemelhar-se muito à outra, já extinta, o Smashing Pumpkins. A faixa que fecha o disco, “Centrefolds”, é uma das composições mais belas já feitas pela banda, com letras de uma passionalidade afetiva capaz de levar qualquer um às lágrimas.
E se você está animado com a possibilidade de ouvir este que é o último álbum da banda, saiba ainda que o Placebo já anunciou um novo álbum, ainda sem título, com lançamento previsto para 13 de março de 2006. Uma notícia fantástica para deixar qualquer fã de boa música menos irritado com as inevitáveis decepções de cada ano novo. Links para baixar Sleeping with Ghosts logo depois da lista de faixas.

http://hippohome.homeip.net/magda/download/placebo.zip

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The Cardigans – Long Gone Before Daylight. [download: mp3]

The Cardigans - Long Gone Before DaylightLong Gone Before Daylight, álbum lançado pela banda The Cardigans em 2003, é um disco gestado sem pressa e com cautela. Ao menos é essa a sensação que se obtém depois de ouvi-lo por completo. Suas canções tem um tecimento pop tão cuidadoso e requintado que o ouvinte sente vontade de acompanhar o canto sutilmente intenso – e muitas vezes triste e sofrido – de Nina Persson em todas as faixas do disco. Composto por melodias primordialmente acústicas, é o avesso absoluto do álbum anterior da banda, Gran Turismo. A grandiloquência eletro-rock é substituída por melodias essencialmente delicadas e precisas, como a da faixa “You’re the Storm”. Em “Communication”, Nina Persson fala, com voz nostálgica, sobre um romance cujos amantes indecisos não conseguem expor suficientemente seus sentimentos. Em “And then you kissed me” – que possui uma segunda parte no novo álbum lançado ano passado – temos o lamento de uma mulher que alimenta um amor que a assusta, mas do qual não consegue se afastar. A letra do delicioso single “For what is worth” é bastante precisa ao retratar a euforia quase adolescente de alguém que se descobre apaixonado. Faixas como essas – e todas as outras faixas belíssimas do disco – mostram que se o mundo da música pop está infestado de bandas e artistas cuja música soa fútil e ordinária, a saída mais fácil é mesmo culpar as gravadoras e seus executivos. No entanto, quem disse que isso seria mesmo a verdade? Aí está The Cardigans que, com sua música pop sofisticada e apurada, prova que a descartabilidade musical hoje pode mesmo ser uma opção preguiçosa de seus profissionais. Confira com seus próprios ouvidos e baixe o álbum completo agora.

http://rapidshare.de/files/9967163/LGBD.rar

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Muse – Absolution. [download: mp3]

Muse - AbsolutionMinha predileção e absoluta adoração por Tori Amos fazia-me crêer que nunca encontraria um equivalente no solo masculino para idolatria. Demorou, mas achei Rufus Wainwright, que obteve em mim o mesmo efeito de paixão instantânea ouvindo apenas uma música. Ainda assim não acha que encontraria uma banda que idolatraria, já que sempre fui um pouco ruim para bandas. E enquanto isso meu lado pop se apaixonava lentamente cada vez mais pelo The Cardigans, assim como aconteceu com Björk, um amor que nasceu sofrido e devagar. Com o lançamento de Super Extra Gravity, a paixão concretizou-se completamente e agora, para mim, The Cardigans figura como a melhor banda da música pop do mundo. E só para provar que eu estava muito errado, pouco antes de ter a idéia de fazer este blog este ano, encontrei o Muse. E tudo ocorreu da mesma forma que ocorreu com Tori Amos e Rufus Wainwright. Foi instantâneo. Até algumas semanas atrás minha personalidade e gostos arredios teimavam em recusar-se a elevar Muse ao topo máximo da minha idolatria. Não deu certo. Eles venceram. Para minha sorte, claro.
Muse é, na minha opinião, a melhor banda de rock da atualidade. Todas, absolutamente todas as outras ficam bem abaixo do trio britânico. No álbum anterior, Origin of Symmetry, a banda mostrou o quanto pode construir uma sonoridade rock enérgica, sem apelações mas guardando ainda em si o necessário apelo comercial. Em Absolution, seu álbum mais recente, a banda compõe um maior número de canções mais calmas e suaves, mas ainda mostra músicas que tem a capacidade de ser singles poderosos, como a arrasadora “Hysteria”, uma canção que retrata um amor passional e como diz o título, histérico e “Stockholm Syndrome”, cheia de amargura, soa estranha a primeira audição, mas explode em riffs de guitarra irresistíveis até para uma pessoa como eu que, até então, não tinha qualquer atração por intros ou solos desse tipo. Tirando tudo isso, ainda temos a canção que abre o disco, “Intro” , que reproduz uma marcha militar que finaliza com gritos de reverência que remetem o ouvinte, intencionalmente, as celebrações nazistas em homenagem à Hitler. E isso serve apenas de abertura para a canção “Apocalypse, Please”, que é de chorar de tão linda e poderosa. Os acordes no piano são tão fortes que não há como não imaginar – tendo em conjunto o nome de música e a genial imagem da capa do disco – uma horda de anjos e uma orgia de desastres em um bíblico dia do juízo final. Arrepia os pelos do corpo inteiro ao ouvir. É só se jogar de um prédio de 40 andares pra complementar o efeito da canção.

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