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Tag: rock alternativo

Fiona Apple – Extraordinary Machine (versões 2003 e 2005). [download: mp3]

Fiona Apple - Extraordinary MachineDepois de um hiato de quatro anos, Fiona entrou em estúdio para gravar, junto com o então parceiro Jon Brion, o álbum que planejava lançar em 2003 – mas percalços mudaram a estória de seu terceiro disco. Reza a lenda que a gravadora apresentou boa dose de má vontade em lançar o disco na versão que se apresentou primeiramente e “sugeriu” mudanças. Com toda a problemática que surgia, a artista acabou se desestimulando – e abandonou o projeto por algum tempo. No entanto, como o disco foi produzido sob a égide da era digital, o inevitável aconteceu: o disco vazou inteiro na internet. Os fãs da cantora ensadeceram, deliraram, gritaram, protestaram. A gravadora, observando o interesse gerado pelo acontecimento, chamou Fiona e decidiu por não tolher sua liberdade de criação. E a cantora, surpreendentemente, decidiu reconstruir praticamente todo o disco, contando com nova produção de Mike Elizondo e Brian Kehew, e compor uma nova canção que integraria a forma da segunda versão do álbum.
O primeiro nascimento do disco, em 2003, foi dramático e pomposo. Muitas músicas possuem orquestração e metais presencialmente nostálgicos, que remetem às trilhas de filmes clássicos – caso de “Not about love” – canção com fantástico andamento que brinca entre o lento e o ligeiro e letras irônicas e cheias de ressentimento, reforçadas pelo vocal primoroso da cantora que reflete sobre um relacionamento fracassado -, “Red, Red, Red” – com orquestração magistral e piano suntuoso, onde a cantora se utiliza de cores para demonstrar a confusão e dor amorosa em que se encontra -, “Waltz” – onde, como numa valsa, Fiona canta a sua impaciência com rodeios afetivos, que quase sempre levam a nada – “Oh, Well” – melancólica e rancorosa, onde a cantora complementa o coloramento triste da espetacular melodia com um cantar sofrido e arrependido sobre um amor no qual ela que se oferece por inteiro mas onde só recebe intolerância e dor. Além disso, o piano apresenta-se frequentemente em tons graves, ligeiros e as vezes ansiosos com reverberação fugaz – como em “Please, Please, Please”, onde o piano se sobressai em uma melodia equilibrada, com letras que protestam contra o comportamento repetitivo e previsível de alguém que não falha em cometer erros -, acompanhando algumas vezes sonoridades sintetizadas ou arranjadas em instrumento artesanal que lembram sinos – assim é “Used to love him”, onde a cantora revela, com boa dose de humor tanto na melodia quanto na letra, o inconformismo de render-se imoderadamente à uma paixão. A bateria e percussão tem muitas vezes a vivacidade e energia já apresentadas por Matt Chamberlain no segundo disco da cantora – “Window”, com melodia e vocal opressivos e rancorosos, soa aqui como um grito de revolta, ira e inconformismo contra a traição e abandono afetivo. Por sua vez, a versão lançada em 2005 é bem menos vistosa e mais retraída, ressaltando mais a voz grave de Fiona Apple. Onde havia bateria e percussão suntuosas, melodias de sinos e metais, entram bateria acústica e metais mais planos e equilibrados, breves e sutis sintetizações eletrônicas e guitarras, por vezes, rascantes – como na igualmente deliciosa segunda versão de “Not about love”. Além disso, os vocais de Fiona apresentam-se refeitos em algumas canções, e mesmo em toda sua perfomance dramática, surgem mais seguros, limpos e certos – como na nova versão de “Used to love him”, agora chamada de “Tymps” e menos ambiciosa e mais balanceada e enxuta. Curiosamente, apesar de todo o apreço pela reconstrução das canções, duas faixas permaneceram irretocadas – a faixa-título do disco e “Waltz”, que ganhou um título sobressalente (“Better than fine”). E, talvez para não sentir-se como que apenas lustrando os móveis antigos da casa, Fiona compôs uma nova canção para o disco, a elegantemente revoltosa “Parting Gift” – onde a compositora disseca o comportamento de seu companheiro, “estripando” sua personalidade verso à verso.
Raramente os fãs de qualquer ídolo rock tiveram a oportunidade de ter contato com dois estados diversos de uma mesma obra artística, tendo a chance de comparar, criticar, elogiar ou apenas acompanhar a mutação sofrida na obra daqueles que adora tanto. E os fãs de Fiona se esbaldaram quando a sua vez chegou – se foram privados por anos de poder apreciar um novo trabalho de Fiona, por sua vez foram premiados, pela luta incessante que travaram, não com um álbum, mas com duas versões bastante distintas deste. E, podem ter certeza, apaixonados estes que são – muitos vão ouvir incessantemente uma versão em seguida da outra.

senha: seteventos

Extraordinary Machine 2003: mediafire.com/?4gl88vr5oed8rtr

Extraordinary Machine 2005: mediafire.com/?j2xk20ahm48oyp1

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Fiona Apple – When The Pawn. [download: mp3]

Fiona Apple - When The PawnEm 1999, Fiona Apple retornou com seu segundo álbum, When the pawn… – disco vigoroso já no seu título, composto por 90 (!) palavras -, onde novamente demonstra composições cujas letras prosseguem cheias de rancor e estórias de conflito afetivo. No entanto, diferentemente de Tidal, When the pawn… é sonoramente mais vigoroso e forte, adequando-se muito mais ao gênero rock, já que as músicas apresentam-se melodicamente mais sincopadas pela influência do gênero. É o que acontece em “On the bound” – canção despida de qualquer esperança, com acordes curtos, secos e cortantes de piano, acompanhado de bateria e metais fortes -, “To your love” – com letras que falam sobre um amor que causa, simultaneamente, dependência e repulsa, sonorizadas por um piano minimalisticamente ritmado e fundo composto por percussão pontual e bateria que salta aos ouvidos – “A mistake” – melodicamente mais equilibrada, onde a cantora tece letras que pretendem justificar, ou ao menos mostrar indiferença, à sua tendência de cometer erros – e “The way things are” – balada com radiantes acordes de piano, onde Fiona solta a voz no refrão que canta lindamente o desestímulo e a lamentação de um amor sem muito futuro.
Mas há duas canções que conseguem impor ritmo ainda mais ligeiro e enérgico, e que foram melodicamente construídas meio que uma ao inverso da outra: enquanto “Limp” – onde Fiona responde ao cansaço de um amor tempestuoso, e em cuja melodia a bateria e percussão frenéticas de Matt Chamberlain são um espetáculo adornado pelos acordes breves do piano – inicia vagarosa, saltando bruscamente para uma sonoridade rápida, “Fast as you can” – outra canção de amor conflituoso, onde a compositora volta a ressaltar sua auto-suficiência e orgulho – surge cheia de vontade, para logo construir uma sequência mais tranquila.
Reminiscências da sonoridade de coloração mais preponderantemente blues/jazz também surgem durante a audição do disco, especialmente na delicadeza e frescor da harmonia triste de “Love Ridden” – com letras sofridas sobre uma mulher que desiste de um amor que sempre acabava lhe causando mágoas – e na beleza intensa da melodia deprimida que ecoa do piano, cordas e da própria voz grave e confessional de Fiona em “I know” – que versa sobre uma mulher que aceita, por amor, os erros e traições de seu amado, aguardando silenciosa e resignada obter um pouco de sua atenção.
Artista primorosa, Fiona mostrou neste seu segundo álbum ser uma compositora muito mais versátil e completa do que as atuais estrelas do pop/jazz, que vendem milhões de cópias e são celebradas pelos críticos musicais, mesmo repetindo-se infinitamente a cada novo lançamento. Fiona não se deixou levar pelo comodismo artístico: When the pawn… mostrou que a artista preferia arriscar um redesenho de suas composições do que lucrar com as facilidades do que já foi trilhado. Link para download do disco depois da lista de faixas.

http://rapidshare.de/files/19185707/2–When_The_Pawn.zip

E, para aqueles que ficaram curiosos, este é o título completo do disco: “When The Pawn Hits The Conflicts He Thinks Like A King What He Knows Throws The Blows When He Goes To The Fight And He’ll Win The Whole Thing ‘Fore He Enters The Ring There’s No Body To Batter When Your Mind Is Your Might So When You Go Solo, You Hold Your Own Hand And Remember That Death Is The Greatest Of Heights And If You Know Where You Stand, Then You Know Where To Land And If You Fall It Won’t Matter, Cuz You’ll Know That You’re Right”

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Fiona Apple – Tidal. [download: mp3]

Fiona Apple - TidalA cantora e compositora Fiona Apple tinha apenas 18 anos quando lançou seu álbum de estréia, Tidal. Para alguém que tem constante contato com os adolescentes de hoje, ainda causa surpresa tal lembrança – já que mais da metade destes jovens, hoje, estão insuflados por um imenso vazio cultural. o trabalho da garota é de uma profundidade e complexidade inimaginável para alguém de sua idade. Melodias sofisticadas e repletas de sutilezas jazzisticas, letras que tratam de temas como amor e culpa com elegante ironia e um vocal em estilizadíssimo tom grave são coisas que fazem este disco soar estranhamente atraente para qualquer ouvido disposto a iniciar uma imensa evolução sonora em sua cultura musical.
Fiona não é uma artista de meios-termos: suas composições são intensas – até barrocas – na sua maneira desmedida de expressar emoções e atitudes. Assim é “Criminal”, que fala de uma mulher cheia de culpa que implora perdão ao seu amante, enquanto os acordes do piano assumem um belíssimo duelo com ons tons charmosamente graves da voz de Fiona e a bateria assume o papel de impor ritmo forte à canção. Em suas “baladas”, por sua vez, Fiona consegue compor melodias esplêndidas, sendo uma das únicas compositoras que conheci até hoje que emoldura letras cheias de rancor e sofrimento amoroso em harmonias que são um híbrido de melancolia e sensualidade. É o caso das canções “Sullen Girl” – que revela, com ironia, uma mulher melancólica e afetivamente amargurada que aguarda, com certo desespero, que algo a tire de sua criogenia – e “Slow Like Honey” – delírio irresístivel que transforma o flerte em uma verdadeira ode à arte da sedução. Em “The First Taste”, Fiona mostra ainda que uma música pop pode ser enriquecida com harmonias finas e elegantes, sem perder seu apelo imediato. “Carrion”, canção que fecha o CD, tem em suas letras um misto de desejo de resgate e fuga de uma relação amorosa, tudo embebido em uma melodia que inicia-se silenciosa e sutil, para arrebentar em uma harmonia luminosa e fulgurante. No entanto, é mesmo “Sleep to dream, faixa que abre o disco que resume o tom da composição lírica da cantora. Nos vocais desta canção, vemos uma mulher que se dispõe a abandonar uma relação, muito segura de si e completamente enfastiada com a fato de que aquele que amava não estava à sua altura. É justo. Não é qualquer um mesmo que pode com essa mulher. Baixe o disco utilizando os links a seguir.

http://rapidshare.de/files/15457981/Xile-Tidal-Apple.part1.rar

http://rapidshare.de/files/15459457/Xile-Tidal-Apple.part2.rar

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Rufus Wainwright – Want Two (+ 5 faixas bônus) [download: mp3]

No segundo volume de seu projeto Want, Rufus Wainwright deixou os ares barrocos da primeira parte, no qual compôs canções mais operísticas e rebuscadas, para trabalhar a complexidade de suas músicas de uma forma mais contida e concisa. Tanto é assim que nota-se facilmente que a maior parte dos cantos de Want Two são mais acústicos, reflexivos e equilibrados.
A faixa que abre o disco, “Agnus Dei”, possui toda a pompa e circunstância já conhecidas em Rufus – é uma versão em latim da prace “Cordeiro de deus” -, mas desenvolve sua melodia com sutil inspiração oriental, e baseada em instrumentação de cordas, com delicadeza e lentidão. “The One You Love” tem uma levada pop/rock irresistívelmente sincopada, e letras que retratam um amante arrependido tentando reaver a confiança perdida. A belíssima “Little Sister”, que já era conhecida em apresentações ao vivo do cantor, emociona o ouvinte com sua melodia com algo de renascentismo e versos que mostram a rivalidade e os pequenos desentendimentos típicos entre dois irmãos que, no final das contas, se amam muito. “The Art teacher”, grava ao vivo, tem melodia simples, baseada apenas em piano, e revela a paixão de uma jovem por seu professor de Arte ao fazer uma visita com sua turma ao Museu Metropolitano de New York – e mostra que esta paixão adolescente lhe deixou marcas para o resto da vida. “This Love Affair” é uma balada de melodia belissimamente simples e absolutamente desesperançada sobre um homem que abandona uma relação amorosa, sem qualquer rumo e completamente desnorteado – é uma das canções mais tristes já compostas por Rufus. No entanto, a canção mais polêmica do disco é mesmo “Gay Messiah”. Nesta música Rufus despe-se de quaisquer tabus ao construir uma ironia pesada sobre a figura maior do cristianismo – sim, Jesus – e o estilo de vida dos gays mais despojados e materialistas – no sentido sexual: o messias aqui é um verdadeiro adônis gay que renasce de uma das famosas revistas pornôs dos anos 70. A canção choca um pouco no início, mas entende-se a crítica do cantor à vida desregrada de alguns homossexuais mais levianos. A única canção que reverbera a concepção melódica mais ostensiva de Want One é “Old Whore’s Diet”, que apresenta o cantor Antony junto com Rufus. Com letras que só podem ser entendidas como um mantra ensandecido repetidas “ad eternum”, a longa melodia repleta de cordas e violões é vívida, apresentando mudanças feitas suavemente e também de maneira brusca e repentina. Depois da orgia sonora apresentada em Want One é surpreendente que o cantor nos traga em sua segunda parte um álbum cheio de sonoridades plácidas e contemplativas, ainda que em boa parte continue sendo um retrato do sofrimento amoroso. Faz sentido: me parece que em Want One temos um homem que sofre sem saber, já que esta mergulhado na euforia de vícios e prazeres momentâneos. Em Want Two esta euforia se foi, e resta agora aprender a conviver e superar o inevitável sofrimento posterior.

Baixe: http://www.mediafire.com/file/jgvo3c4rbjqb5iv/rufus-wtwo.zip

Ouça:

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Rufus Wainwright – Want One (+ 4 faixas bônus) [download: mp3]

Em 2003, Rufus Wainwright anunciou o lançamento de um projeto entitulado Want que, originalmente, tinha sido planejado como um álbum duplo e que logo foi transformado em um álbum dividido em duas diferentes partes: Want One (lançado em 2003) e Want Two (lançado no ano seguinte, 2004). Decisão acertadíssima. Ao invés de afogar os fãs em um pacote massivo de canções, no qual muitas poderiamn perder o seu poder de atração e sua força, Rufus dividiu sua criação em dois volumes para que o ouvinte fosse mergulhado com cautela em sua criação mais ambiciosa e, assim, desfrutasse da maneira correta de sua profundidade melódica e lírica.
Want One é mesmo o introdutor desta obra épica: esta primeira parte pode ser considerada como uma dos melhores representantes do estilo barroco nas melodias de suas quatorze faixas: requinte, sofisticação e virtuosismo composicional são a tônica desre disco. No caráter temático desta sua obra, Rufus também exarceba seu gênio artístico: Want One explode em uma profusão de contos sobre relações afetivas malfadadas, conflitos familiares, abandonos, abusos e vícios. “Want”, por exemplo, é o retrato cortante de uma separação, versando sobre um amante que perambula por um aeroporto depois do fim de seu romance, implorando para que qualquer adversidade o impeça de embarcar no seu vôo e concretizar o fim de tudo. Com o mesmo sentimento de fracasso, a emocionamente “Dinner at eight” retrata o desejo de um filho de romper a barreira de orgulho no difícil relacionamento com seu pai. Já “Oh What a World” tem belíssima inspiração e adaptção melódica em fanfarra do famoso “Bolero” de Ravel, com versos simples que se repetem e que falam sobre a inversão de papéis, particularmente os masculinos. “Go or Go Ahead”, por sua vez, é mais uma daquelas canções em que Rufus Wainwright exibe toda a potencialidade de sua habilidade de composição melódica: construída vagarosamente num crescendo absoluto, a canção é uma orgia sonora de sofrimento e abandono, com direito a vocais de fundo trabalhadíssimos e infinitamente sobrepostos. É lirismo no ápice absoluto. A maravilhosamente lúdica “Beautiful Child” consegue ser ainda mais primorosa e variada em seus arranjos – se é que isso é possível (!) -, conjugando orquestrações de metais, percussões de sortimentos diversos, instrumentação rock tradicional e, novamente, vocais de fundo sobrepostos uns aos outros, formando um coro interminável da voz de Rufus – o que se tornou praticamente um símbolo do projeto de Want One. Apesar do espaço reservado para tantas músicas complexas, o cantor também foi sensato ao compor algumas músicas menos pretensiosas. “Movies of Myself”, por exemplo, inicia com uma introdução eletrônica minimalista e logo promove a quebra desta através de uma melodia rock básica, animadíssima. Mais agitada do que normalmente são suas canções, com refrão gostosíssimo, Rufus solta a voz com vontade (algo que ele faz com tranquilidade) transmitindo animação e energia para o ouvinte num tom que traz a mente o álbum Humming, de Duncan Sheik. Composta por uma melodia pop mais clássica e tradicional, “I Don’t Know What It Is” tem cara de single, com letras no seu já conhecido lirismo incandescente. Com sonoridade que lembra Beatles ou The Verve, a faixa luminosa suscita mentalmente, na sua audição, um passeio altamente descompromissado por um ambiente urbano.
Apesar da tempestade de derramamento lírico que foi Want One, Rufus ainda guardava muito para o segundo volume de seu épico confessional – para o deleite orgásmico de seu público. Link para dowload abaixo.

Baixe: http://www.mediafire.com/file/2rqc7eq3n39q569/rufus-wone.zip

Ouça:

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Tori Amos – From The Choirgirl Hotel. [download: vídeo]

Tori Amos - From The Choirgirl HotelComo a própria Tori afirmou, lá se foi uma trilogia formada – obviamente – por Little Earthquakes, Under The Pink e Boys for Pele. Em 1998 ela surpreende os fãs novamente com um álbum que introduz novas nuances em seu estilo musical. Já de começo, Tori Amos decide chamar músicos para formar uma banda que, além de gravar o álbum com ela acompanhe-a pela turnê do mesmo. Isso acabou tendo efeito definitivo de mudança sobre seu método de composição musical: pela primeira vez ela trata seu piano de igual para igual com os outros instrumentos, sem fazê-lo sobrepujar todas as outras sonoridades presentes na música.
Não bastasse esse caráter coletivo das melodias do álbum de 1998, em from the choirgirl hotel Tori flerta abertamente com a sonoridade eletrônica – sempre com o devido balanceamento com os outros instrumentos que marcam presença na melodia. Exemplos de músicas que tem “um pé” na música eletrônica são “Cruel” – deliciosamente inovadora para o estilo de Tori, surpreende pela total e absoluta ausência do piano – e “Raspberry Swirl” – com um Bösendorfer frenético que insiste em uma competição ensandecida com as sonoridades usurpantes do teclado.
Pouco depois de lançar o álbum Tori revelou que sua inspiração principal ao compô-lo foi um aborto que sofreu no decorrer da tour “Dew Drop Inn”, que promoveu o álbum Boys for Pele. Esse fato é insinuado em muitos momentos de from the choirgirl hotel, como na canção “Playboy Mommy” e também em “Spark”. Por ter como fato gerador um acontecimento que causou à Tori tamanha dor, o álbum acaba por apresentar no seu todo uma identidade soturna, estranha, melancólica e mórbida. As baladas, como sempre, são repletas de confusão sentimental, ironia, ódio e confessionalismo caleidoscópico – exemplos de canções do álbum neste estilo são “iieee” – com uma melodia que nos incita um ritual ocultista -, “Northern Lad” e “Liquid Diamonds” – ambas canções extraordinárias. Poucos artistas hoje fazem o que Tori Amos decidiu arriscar fazer naquele momento, dando uma guinada em sentido contrário no trabalho que vinha desenvolvendo até então. Apesar de ter sofrido críticas desde o lançamenteo deste disco – críticas irrelevantes, na minha opinião – , não se pode deixar de concordar que é muito mais difícil procurar novos caminhos, tentando promover uma evolução (não exatamente no sentido qualitativo do termo) do seu trabalho do que “deitar-se confortavelmente em berço explêndido”, aproveitando o sucesso fácil daquilo que já está mais do que trilhado e dissecado. Atitudes como estas são cada vez mais raras, infelizmente. Link para download abaixo.

http://rapidshare.de/files/11835786/fromthechoirgirlhotel.zip.html

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Garbage – Bleed Like Me. [download: mp3]

Garbage - Bleed Like MeDepois de arriscar em BeautifulGarbage com uma sonoridade mestiça, compondo um disco tão sem identidade que não levou a banda a lugar algum, o Garbage mostra que aprendeu com o resvalo e retorna com o elogiado álbum Bleeed Like Me. Faixas como “Bad Boyfriend” e “Why do you love me” tem sonoridade rock forte, com generosos riffs de guitarra e bateria marcante, e letras que contrastam entre si: enquanto na primeira faixa Shirley Manson declama aos brados versos de um amor passivo, declarando sujeitar-se à tudo para obter um pouco daquele que ama, na outra canção surge uma mulher que confessa-se não ser o ideal feminino, mas que afirma ter o direito de cobrar amor e honestidade. Condizente com a concepção vigorosa do disco, a banda compõe na faixa “Sex Is Not The Enemy” um hino ao amor livre – um tema que já está batido mas que nunca deixou de ter seus adeptos.
Terminando a audição do disco é fácil perceber que o novo álbum foi calculado cuidadosamente para recuperar o interesse perdido por uma parcela dos fãs depois do Garbage ter arriscado demais ao tentar compor uma sonoridade mais complexa. Há sim momentos de sonoridade eletrônica no disco – essa sempre foi uma característica da banda -, mas aqui isso serve apenas de adorno para a verdadeira identidade do CD. É certo que este álbum não é o primor da originalidade, mas é sem dúvidas a obra ideal para impor respeito com seu conceito rock correto e coeso – antes pisar em terreno seguro do que afundar nas areias movediças do experimentalismo inconsequente. Clique com o botão direito do mouse e selecione “salvar destino como…” no menu parar pegar os arquivos. Link para download depois da lista de faixas.

http://starlyon.com/PF/BLM.zip

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Sigur Rós – Takk. [download: mp3]

Sigur Rós - TakkSe o disco Takk, o quarto da banda islandesa Sigur Rós, impressiona até alguém que não se consideraria fã – como eu -, imagine os que se declaram como tal. No primeiro álbum em que a banda admite interpretar as letras da músicas em língua genuinamente islandesa – ao contrário dos outros álbuns, em que o vocalista Jon Por Birgisson declarava cantar usando o que chamou de “Hopelandic”; um islandês primordialmente em tom falsetto – a banda aprimora e potencializa a sua sonoridade. Takk, apesar da notória barreira linguística cativa os ouvintes atráves de sua atmosfera melódica e lúdica, que sugere fábulas, utopias visuais das mais vastas, algo que transcende, através de seu som, qualquer noção individual ou coletiva que nos limita – homem/mulher, nacionalidade, língua. Em uma perfeita simbiose entre melodia e vocal, a banda consegue atravessar o que é puramente físico, corpóreo, e mexer intensamente no que nos constitui emocionalmente – o espírito, a alma, diriam os mais versados. São espcialmente a canções que se constroem em um climáx de crescendo contínuo ou que o fazem de modo cíclico que conseguem despertar tais sensações: impossível escutar as belíssimas faixas “Glosoli”, “Hoppipolla” e “Milano” sem fechar os olhos e se entregar inteiramente àquilo que surte à partir de suas audições: arrepios na espinha, devaneios de imaginação solta, lágrimas impossíveis de se conter. Os mais comedidos – mesmo estes – não vão conseguir controlar a vontade de simular com as mãos o movimento da bateria em tom imperial, os metais épicos ou a orquestra de cordas de um lirismo inconcebível. Sigur Rós já estabeleceu na música pop/rock/alternativa o seu equivalente do tom universalizador da música erudita – e de sua derivante direta, a trilhas sonora. Para toda e qualquer pessoa que ama a música, e sabe parar tudo o que está fazendo para apreciá-la, que é o modo adequado de apreciação de qualquer expressão artística, é uma obra de arte sublime. Entegue-se ao álbum sem medo.
Link para download depois da lista de faixas.

http://rapidshare.de/files/9413875/Takk.rar

senha: bringmetheheads

http://www.megaupload.com/?d=35T3HOYW

senha: takktakk

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Tori Amos – Boys for Pele. [download: mp3]

Tori Amos - Boys For PeleQuem achou que Tori tinha chegado ao limite da complexidade tomou um susto com o lançamento de seu terceiro álbum. Neste disco, Tori Amos eleva à enésima potência a complexidade dos primeiros dois álbuns – tanto melódica como liricamente. Se Under the Pink tratava do mundo feminino, Boys for Pele se ocupa de sua contraparte – o homem, sua personalidade e comportamento é que se constituem na linha condutora deste terceiro disco. A motivação para o dissecamento por Tori do “eu” masculino foi o fim de seu relacionamento afetivo com Eric Rosse, que também co-produziu os discos anteriores. É essa a razão de o álbum soar tão passional, como se tivesse sido composto com a cantora divertindo-se ao ver alucinada seu mundo virar de cabeça para baixo, ao mesmo tempo que tenta desesperadamente atingir o seu prumo e encontrar o seu próprio rumo. O resultado é um verdadeiro magma fervente de 18 canções – 19, se contarmos a primeira faixa como duas – de concepção ousadíssima que beira o conceitual e o ineditismo puro: quanto as letras, elas se apresentam tão cifradas que até hoje geram discussões entre os fãs sobre seu verdadeiro significado; quanto à melodia, instrumentos usuais da música popular – como bateria e guitarra – formam uma mistura fabulosamente esdrúxula com instrumentos como cravos e harpas, muitos mais comuns na música erudita. A atmosfera inusitada do trabalho foi reforçada ainda mais pela decisão de gravá-lo inteiramente dentro de uma igreja, o que reforçou também o seu caráter absolutamente profano.
De classificação impossível – por vezes tem raízes jazz, outras no blues, em outros ainda rock, e muitas vezes clássico – este é o trabalho mais inovador de Tori Amos e, ouso dizer, da história do rock. Tanta dedicação da artista em seu trabalho lhe rendeu bons frutos: o álbum lhe consagrou como uma das mais importantes artistas da música mundial e transformou a sua fiel legião de fãs em uma verdadeira horda ávida por novas peripécias musicais da cantora americana.
E só para concluir, uma nota breve sobre o nome do álbum: “Boys for Pele” é uma referência aos sacrifícios de garotos- arremessados garganta do vulcão abaixo – em nome de uma deusa havaiana chamada “Pele”. E Tori, que perde uma província inteira de fãs mas não perde a oportunidade de exercitar a sua elegante ironia, colocou na capa do álbum dois garotos presos dentro de uma cabana enquanto ela mantém a guarda lá fora, munida de um belo rifle de caça e serpentes diversas aguardando o momento do sacrifício.
Clique com o botão direito do mouse sobre o nome da faixa e selecione “salvar destino como…” para baixar cada faixa do disco.

1. Beauty Queen/Horses
2. Blood Roses
3. Father Lucifer
4. Professional Widow
5. Mr. Zebra
6. Marianne
7. Caught a lite sneeze
8. Muhammed my friend
9. Hey Jupiter
10. Way Down
11. Little Amsterdam
12. Talula
13. Not the Red Baron
14. Agent Orange
15. Doughnut Song
16. In the springtime of his voodoo
17. Putting the damage on
18. Twinkle

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Howie Day – Stop All the World Now. [download: mp3]

Howie Day - Stop All the World NowNão dou qualquer crédito à esta geraçãozinha de músicos “cool” da música internacional. Estou falando destes artistas que cantam com uma voz empostadamente sussurrante – estilo Vera Fischer mesmo – e que se assemelha muita à uma pessoa com a cabeça no travesseiro, acabando de acordar. Para você ter uma idéia mais precisa de qual estilo muscial eu estou me referindo, saiba que os maiores representantes desta geração – que se acha a cereja do sorvete, o último pacote do biscoito, ou seja, o maior acontecimento musical dos últimos tempos – são o asmático John Mayer e a anêmica Norah Jones.
No entanto – sempre tem um porém – conheço há algum tempo um artista que se enquadra nessa categoria e para o qual nunca dei a devida atenção. Voltando meus ouvidos para os mp3 aqui arquivados, devo declarar que é o único que consegue me cativar.
Howie Day, com seu álbum Stop all the world now, apresenta todos os artífícios utilizados por essa geração de artistas Lexotan: o já citado cantar “cool” sussurrante, o piano como instrumento prevalecente, as pés fincados num pop sen arroubos performáticos. Mas Howie cativa por conseguir ser comedido nestas artificialidades e, vez por outra, soltar a voz com mais vontade. Seu pop de sutilezas melódicas satisfaz com a beleza de canções como “You & a Promise”, que tem base agradavelmente sincopada e retrata o momento final de uma relação. “Collide” é a canção mais famosa do disco, um típico single com refrão certinho. Contudo, é a faixa “Come lay down” a música mais bonita do disco: com frases de estímulo de alguém que tenta encorajar seu amor à confiança e seguir em frente, a melodia também surpreende com sua harmonia que se constrói sobre um crescendo absoluto. E é justamente nesta faixa que Howie consegue se libertar mais dos vocais sôfregos, provando que está muito à frente de seus companheiros de profissão mais famosos. Não deixa de ser um atrativo a mais também o fato de que Howie é um tremendo de um gatinho. Tá certo, já estou pensando no bem que deve fazer uma voz suave dessas no uvido quando deitado…
Baixe pelo link a seguir.

1. Brace Yourself
2. Perfect Time Of Day
3. Collide
4. Trouble In Here
5. Sunday Morning Song
6. I’ll Take You On
7. She Says
8. Numbness For Sound
9. You & A Promise
10. End Of Our Days
11. Come Lay Down

http://rapidshare.de/files/5548565/Howie_Day.ZIP.html

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