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Tag: eletronico-frances

Vitalic – “Fade Away” (dir. Romain Chassaing) [vídeo, download: mp3]

Vitalic - Fade Away (Official Video)

Há muito tempo que eu não assistia um vídeo feito para o francês Pascal Arbez, mais conhecido como Vitalic. Seu nome ficou conhecido em 2006 com o lançamento do vídeo “Birds”, produzido pelo coletivo Pleix e que era estrelado por um bando de cachorrinhos fofos capturados em câmera lenta em suas estilosas e alegres estripulias esvoaçantes. Alguns podem nunca ter visto ou ouvido falar, mas o vídeo consagrou-se e virou um clássico absoluto da internet que passou a ser copiado em muitas outras produções – caseiras e profissionais, diga-se. Porém, o mais recente vídeo feito para uma música do artista não tem nada de fofo – embora também não seja algo polêmico ou ultrajante. Dirigido por Romain Chassaing, a canção “Fade Away”, que tem pitadas nostálgicas do synthpop dos anos 80, ganhou um vídeo muito bem fotografado, editado e encenado que joga com os clichês do cinema policial, trazendo uma série de meliantes que se matam sucessivamente para colocar as mãos em uma valise cujo conteúdo não é revelado. Preste atenção no final, porque este é mais uma referência à algo que já virou clichê no cinema alternativo contemporâneo.
Baixe o mp3 da canção através do link abaixo.

http://www.mediafire.com/file/l8ce66soy1mmxa8/vitalic-fade.zip

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Woodkid – I Love You (Quintet Version – Live Acoustic) [vídeo, download: mp3]

WOODKID - I Love You (Quintet Version)

Em uma das muitas entrevistas que concedeu recentemente devido o lançamento do seu debut The Golden Age, o talentoso artista francês Woodkid disse que seu disco de estréia não é um album pop, já que não há nas canções instrumentos comumente utulizados em composições do tipo, como guitarras, baixo e bateria, mas que qualquer destas músicas poderia muito bem ser convertida em algo do gênero em versões alternativas. E no dia de hoje, em uma participação na rádio France Inter, o cantor francês provou que está certo ao apresentar uma versão acústica de “I Love You” a qual utiliza-se apenas de piano e cordas – e apesar da simplicidade, devo dizer que esta versão, que conta com um andamento mais lento e melancólico, rivaliza em emoção com a original de estúdio.
Clique no link para fazer o download da canção em mp3.

http://www.mediafire.com/file/fq79j1tato4yrca/wood-i-love-you-live-acoustic-quintet-version.zip

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Woodkid – “I Love You” [video]

Woodkid - I Love You (Official Video)

E finalmente teve sua estréia o tão esperado terceiro (e provavelmente último) vídeo a ser liberado pelo músico, compositor e diretor francês Woodkid antes do lançamento de The Golden Age, seu álbum de estréia. Após uma brevíssima referência ao personagem do garoto que foi introduzido no vídeo de “Iron” e que protagonizou o vídeo de “Run, Boy, Run”, somos apresentados à um personagem também retratado em “Iron”, o homem jovem que parece ser um sacerdote cristão, que neste vídeo chega para realizar seu culto em uma capela de um vilarejo de camponeses russos. Ao mesmo tempo que ele toca o órgão da igreja para os seus fiéis, nos é apresentado este jovem como um outro personagem em uma jornada através de um imponente e vasto deserto gelado e rochoso até chegar ao litoral, onde acaba por atirar-se no fundo do oceano. Esta história paralela, na verdade, é também contada pelo jovem sacerdote aos seus fiéis, já que ele introduz em russo o conto para eles como sendo sobre um homem que morre duas vezes: ao perder seu amor e ao se afogar nas águas geladas do oceano.
Inevitavelmente bem encenado, impecavelmente fotografado e espetacularmente elaborado, este novo vídeo Inicialmente aparenta ser mais simples do que os dois lançados por Woodkid, mas à medida que o curta se desenvolve vai sendo revelado o destino do desesperado jovem e a história torna-se mais imponente e espetacular, sendo fechada com um final misterioso e intrigante. Enquanto “Iron” e “Run, Boy, Run” tinham temáticas mais juvenis e apoteóticas, o vídeo de “I Love You” é um trabalho mais maduro e emocionante, deixando claro que Woodkid pode ir muito além das belas aventuras juvenis e épicas pelas quais ficou inicialmente conhecido – e confesso: de todos até o momento, este é o meu vídeo preferido.

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Woodkid – The Golden Age (+ 3 faixas bônus) [download: mp3]

Desde seu despontar na internet, com o lançamento em 2011 do videoclipe e do single “Iron”, venho acompanhando com ansiedade a tão aguardada estréia de Woodkid, pseudônimo do diretor, artista gráfico, compositor e cantor francês Yoann Lemoine. Como já se percebia desde o surgimento do vídeo, o artista europeu não faria sua estréia de modo simples: além dos obrigatórios lançamentos em formato digital e CD de áudio e do lançamento em vinil para agradar os alternativos de plantão, Woodkid preparou uma edição especial primorosa na qual o CD figura como brinde de luxo de um livro que mistura memórias e ficção, escrito em conjunto com sua prima polonesa Katarzyna Jerzak, e que acompanha também ilustrações do elogiado ilustrador de graphic novels Jillian Tamaki. Contudo, pra não fugir à tradição dos lançamentos musicais na era pós-moderna, poucos dias antes do lançamento oficial o álbum em sua totalidade já começou a se alastrar pela internet. E finalmente Woodkid pode ser posto à prova nos ouvidos dos fãs que já tinha arrebanhado sem nem mesmo ter um álbum lançado.
The Golden Age é, como já se esperava, um trabalho grandioso de um estreante singular, que começou sua carreira por trás das câmeras, migrou para os palcos e arrebanhou fãs mesmo antes de seu lançamento oficial, assumidamente, em suas próprias palavras, um “músico frustrado que é diretor de vídeos”. Essa auto-avaliação tem um fundo de verdade: sua faceta de cantor realmente não tem a perfeição de um crooner, já que é difícil não notar a limitação de sua voz, que quase chega a titubear em alguns volteios, mas o artista conhece a si próprio e, inteligente, escolheu apresentar-se ao público com as faixas “Iron”, “Run, Boy, Run” e “I Love You”, músicas extremamente bem produzidas e arranjadas que se adaptam ao seu vocal e o encorpam simultaneamente. Isso se repete em outras faixas que permeiam o álbum, como a que o abre e lhe dá nome, que surge com harmonia reflexiva ao piano seguida de um turbilhão percussivo e orquestral que afoga os sentidos em uma epopéia sonora que só encontra paralelo em épicos do cinema de ficção científica e da fantasia, mas que lembra também melodias compostas por Björk nos últimos anos, em particular no disco Volta. A referência vem novamente à tona no compasso melódico de “Ghost Lights”, onde o órgão, os metais e a percussão soam taciturnos e amargurados. “Stabat Mater”, composta e produzida pelo amigo de Woodkid, o DJ e músico francês SebastiAn, não tem medo de soar redundante ao adicionar um coro de inspiração religiosa para acompanhar a percussão já retumbante e os metais e cordas em resplandecente psicose – uma melodia que soa como o hino de uma cruzada messiânica. “Conquest Of Spaces” promove a união da influência sacra presente no trabalho do francês com o seu apreço pelo cinema de ficção científica ao associar um órgão futurista à um sintetizador de sonoridade caleidoscópica. Fechando o disco, em “The Other Side” acordes de piano e sinos entoam um belo lamento, que partilhado pelo coro e pelos arranjos de metais e cordas, acaba por se submeter ao ritmo marcial da percussão – uma analogia melódica perfeita às letras da canção.
Apesar da apoteose cinematográfica ser uma constante, há momentos nos quais o artista francês procura outras experiências sonoras, como em duas músicas de atmosferas opostas, “The Great Escape” e “The Shore”: a primeira, que não deixa de lado a percussão frenética e incansável, é uma música mais despretensiosa e alegre, com arranjos orquestrais mais simples que se limitam a complementar a música, enquanto a segunda, conduzida por um piano aristocrático, vai ganhando colorações ainda mais formais e clássicas à medida que levantam-se metais e cordas que reforçam suas pretensões algo operísticas. Além disso, há também instantes mais introspectivos nos quais Woodkid consegue em grande parte dominar e balancear seu vocal, como em “Boat Song”, onde sintetizações que remetem à produção setentista de Brian Eno evitam, inutilmente, a tristeza compassiva dos trompetes e do piano, e também “Where I Live”, uma balada onde os floreios de metais concedem algum conforto à voz e ao piano que compartilham desmedida dose de doçura e pesar.
The Golden Age é um debut impetuoso e impecável que certamente vai ser rejeitado por muitos por beirar o excessivo e o megalômano, por querer ser incondicionalmente muito ou tudo ao mesmo tempo: romântico, épico, delicado, fascinante, sensível, apoteótico. No entanto, é inegavelmente uma obra emocionante, fruto da dedicação de um artista imbuído de uma sincera vontade de trazer à realidade seus sonhos e ideais mais caros, inspirado pela inocência e inconsequência da infância, a era dourada que ficou no passado e dá nome ao disco, e pela inevitabilidade da vida adulta, realidade que passamos a viver para o resto de nossa existência e que por vezes é fria e dura demais para poder ser tolerada. Portanto, por baixo de toda a esplendorosa grandiloquência, por baixo da pompa percussiva e da avalanche de arranjos orquestrais que arrebata muitos e irrita tantos outros, há situações e sentimentos tão verdadeiros e simples quanto a daquela banda indie que foi apontada como a mais nova sensação por aquele coletivo online ou blog hypadíssimo que adora posar de humilde e apontar o dedo para a “mídia oficial”, mas que, na verdade, é um veículo de comunicação tão super produzido quanto este último. O exato oposto de Woodkid, um artista que em momento algum finge ser o que não é.

O arquivo para download inclui 3 faixas bônus: a instrumentais “The Deer” e “The Golden Age” (Intro), e “The Golden Age” (feat. Max Richter ‘Embers’), a versão do vídeo da canção, de mais de 10 minutos, com várias inserções melódicas alternativas, que conta inclusive com a participação do compositor erudito alemão Max Richter.

http://www.mediafire.com/file/h6kpbu4hobvv57f/wood-age-3-bonus-tracks.zip

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Woodkid – “I Love You” (single)

E hoje foi liberada “I Love You”, mais uma faixa de The Golden Age, um dos discos mais esperados dos últimos meses pelos alternativos de plantão (me incluo aqui). Um projeto sendo gestado com todo o cuidado e sem pressa pelo francês Yoann Lemoine, mais conhecido pelo pseudônimo Woodkid, o ambiciosíssimo disco está sendo acompanhado de videoclipes esplendorosos e uma pré-turne cabulosa onde o artista está conquistando seu público sem nem mesmo ter lançado seu debut. É tudo um tanto pretensioso, mas nesse caso isso é feito com toda a propriedade, já que tudo o que o seu ouviu (e viu) até agora é de uma qualidade acachapante. “I Love You” prossegue mantendo o nível na estratosfera: com uma base percussiva forte, badalar apoteótico de sinos, órgãos e violinos dramáticos, Woodkid solta sua voz grave e macia para tornar completo e inevitável o transe sonoro.

Woodkid - I Love You

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Woodkid – “Run Boy Run” [vídeo + single] e “Iron” [vídeo + single]

Atendendo no seu projeto pessoal pelo pseudônimo Woodkid, o francês Yoann Lemoine está aplicando todo o aprendizado de um artista contemporâneo em sua relação com a mídia dos novos tempos: usando a internet como aliada, o cantor, compositor, diretor e artista visual europeu está lançando pouco a pouco músicas muitíssimo bem produzidas e clipes de cair o queixo por conta de seu requinte estético, o que gera todo um burburinho tanto nas redes sociais quanto na crítica especializada da web. Inteligente, o rapaz francês, que nem bem 30 anos tem, faz uso desta abordagem homeopática para incutir um sentimento de ansiedade e antecipação nos seus futuros e pretensos fãs, construindo assim uma reputação excelente sem nem mesmo ter lançado o seu álbum de estréia. Indiretamente conhecido no mundinho pop por ter dirigido clipes de algumas das figuras mais populares da atualidade (que não merecem menção) e no mundinho alternativo por trabalhar em clipes de Lana Del Rey e campanhas publicitárias bastante criativas, seu primeiro álbum, The Golde Age, está previsto para setembro deste ano, mas neste seu processo cuidadoso de construção de sua persona artística na web, duas das faixas já são conhecidas do público, tendo sendo lançadas como singles devidamente acompanhadas de clipes caprichadíssimos.

Woodkid- Iron EP

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senha: seteventos

“Iron”, o primeiro lançado, é introduzido por um arranjo de metais cuja tonalidade épica denuncia que as pretensões do artista não são poucas. O tema é repetido diversas vezes durante a melodia, que conta ainda com uma percussão que amplifica a atmosfera algo bélica e tribal da canção, cujo vocal grave de crooner do compositor laceia elegantemente. O vídeo reflete a sonoridade da canção: impecavelmente fotografado em preto e branco, completamente filmado dentro de um estúdio e quase completamente captado em câmera lentíssima, o curta apresenta figuras saídas de um mundo aparentemente medieval que se preparam para entrar em uma batalha quando são repentinamente surpreendidos por uma chuva de detritos fumegantes. Ao final do vídeo, de modo muito breve, surge a imagem do que parece ser um templo, pálido e frio em meio à um ambiente gelado e tempestuoso. Outras canções que fazem parte do single são “Brooklyn”, um ode plácida ao violão, piano e discretos trombones ao bairro nova-iorquino, “Baltimore’s Fireflies”, onde um piano de harmonia cíclica ao modo Philip Glass, um baixo que remete ao tema composto por Angelo Badalamenti para o clássico seriado cult Twin Peaks e mais algumas cintilações introduzem a base melódica acompanhada ao final por arranjo de metais e percussão em ritmo marcial para sonorizar a confissão de um homem que, aparentemente, acaba de abandonar o corpo do seu amor nas águas baía de Baltimore, e “Wasteland”, delicada faixa cujos versos tratam de um saudosimos indefinível e em cuja melodia temos um piano singelo sobre um arranjo de cordas e metais de sutil tecitura circense.

Woodkid - Iron (Official Video)

Woodkid - Run Boy Run - Remixes EP

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senha: seteventos

“Run Boy Run”, o último single lançado pelo artista francês, tem melodia tão intensa e apoteótica quando a do primeiro lançamento: com percussão e arranjo de cordas e metais em perfeita comunhão, a canção é galgada em um crescendo espetacular até alçar vôo em um final arrebatador. O videoclipe não deve nada em qualidade ao anterior e recupera em seus instantes inicias a imagem do templo que fechou o vídeo de “Iron”. É dele que foge correndo o garoto que também participou brevemente do primeiro curta: alternando com cenas de uma cidade com edifícios de arquitetura imponente com fachadas em mármore, o garoto, em trajes aparentemente escolares, corre acompanhado por corvos e auxiliado por criaturas que erguem-se do chão e são uma mistura de gnus com o corpo encoberto elementos arbóreos. No fantástico epílogo, juntam-se uma imensa caravela e uma criatura gigante para contemplar a misteriosa cidade. As faixas que acompanham o single são remixes da canção, sendo que o melhor é o do também francês SebastiAn. Agora é esperar o futuro álbum do cantor e compositor, torcendo para que o artista frânces tanto reserve outra canções tão imponentes para o lançamento quanto dê continuidade à trama instigante iniciada em seus dois vídeos.

Woodkid - Run Boy Run (Official HD Video)

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AaRON – Birds in the Storm. [download: mp3]

Aaron - Birds in the Storm

Simon Buret e seu fiel comparsa musical, Olivier Coursier, que forma com ele a dupla AaRON, voltaram ao mercado este mês com o sucessor de Artificial Animals Riding On Neverland, o disco Birds in the Storm. Como aconteceu no primeiro trabalho, os dois músicos põe seu bom gosto à serviço do pop e do eletrônico da França, criando mais um álbum recheado de melodias esplêndidas, crivadas de beats elegantes, uma programação irreprimível e vocais irresistíveis de Simon. “Ludlow”, faixa inspirada em um passeio pela rua homônima em New York, já abre o disco matadora com sua melodia contruída aos poucos em uma marcha onde os instrumentos e elementos da programação vão se sucedendo uns aos outros até formarem uma melodia pop homogênea e incandescente. “Rise”, apesar do nome, é levada em um pulso de peso mais melancólico, com guitarras e bateria de toques conformados e vocal sôfrego e consternado. “Seeds of Gold”, porém, encaminha-se para uma trilha liricamente mais esperançosa e melodicamente menos triste, sendo conduzida por acordes de piano singelos, uma batida firme, riffs de guitarra ondulantes e vocais doces e delicados que unidos finalizam um pop simples e eficiente. “Inner Streets” também convoca o piano para dar guia à melodia, que tem como base um beat moderadamente agitado, feito de loops e sintetizações que marcam a melodia dramaticamente em conjunto com o piano – a canção ganha uma versão alternativa no final do disco, “Inner Streets (3rd Street)”, que remove o piano e intensifica a base eletrônica com loops e sintetizações mais sujas, o que confere um caráter mais dançante à canção, porém também imprimindo uma indentidade mais soturna. Também partilham o caráter electronic-heavy e dark da versão alternativa de “Inner Streets” a faixa-título de Birds in the Storm, exibindo traços melódicos mais polidos, com reversões sonoras e solos de piano que inserem lirismo na canção, e “Passengers”, que é introduzida por uma guitarra com sombreado grunge que, ao longo da música, vai aos poucos sendo encoberta por uma programação eletrônica densa e múltiplas harmonias e riffs mais intensos do próprio instrumento, exalando vapores sutis das guitarras que os britânicos do Portishead tanto adoram. De concepção semelhante à esta última, na triste “Arm Your Eyes”, a dupla conduz a melodia com harmonias melancólicas de piano e guitarra, inserindo aos poucos, em um crescendo discreto, a base eletrônica e os próprios acordes de guitarra e piano, que intensificam-se em um todo tão melancólico quando o vocal de Simon.
Mas o traço melancólico, bem como as feições sombrias de algumas composições da dupla, que já existiam no primeiro disco, são ressaltadas quando os franceses se livram do apoio de elementos eletrônicos, atendo-se apenas à acústica de violões ou piano, como ocorre na última faixa do disco, “Embers”, onde os acordes etéreos e difusos do piano, bem como o vocal entre o amargor e o lamento, soam tão estranhamente fantasmagóricos quanto as composições de PJ Harvey em White Chalk, deixando em quem ouve uma enorme curiosidade sobre como seria se a dupla produzisse um disco que se resumisse apenas à este folk tão peculiar. Curiosidades à parte, porém, Birds in the Storm é a confirmação do talento desta dupla francesa, que foge da pasmaceira muitas vezes enjoativa e um tanto rotineira produzida por parte das duplas do electro-pop ao injetar uma dinâmica e calor melódicos que dificilmente são encontrados no trabalho destes músicos, tudo ainda coroado pelos traços sombrios e tristes que emanam de algumas faixas, o que dá todo sentido ao título deste segundo disco, já que, como os pássaros marinhos, a dupla prefere se arriscar nas rajadas traiçoeiras de uma intempérie do que repousar na segurança previsível da brisa de climas mais amenos – e em nome da beleza da música, eu espero que isso seja sempre assim.

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ifile.it/3f6gbpo/sigla_-_storm.zip

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AaRON – Artificial Animals Riding On Neverland. [download: mp3]

AaRON - Artificial Animals Riding On NeverlandVocês não vão estar errados se disserem que ando numa meio-febre francofônico-musical. Depois de Ben Ricour, o francês que faz um pop/folk charmosinho, andei escutando uma dupla que se lançou na música há pouco, batizada de AaRON, uma sigla que, expandida, deu nome ao disco de estréia deles, Artificial Animals Riding On Neverland. Porém, diferentemente de Ricour, esta dupla prioriza a língua inglesa, dando chance à língua materna apenas na faixa “Le Tunnel d’Or”, uma balada irremediavelmente linda, com piano que começa em acordes agudos e encorpa em sentimento ao longo da canção, assim como encorpa igualmente a programação eletrônica, que além de adicionar densidade à melodia com alguns samplers, substitui a bateria acústica sem perda alguma do vigor desta.
Apesar de que o vocal de Simon Buret, a voz da dupla, lembre vagamente algo de Michael Stipe ou tenha uns espasmos de Chris Martin, as comparações param bem por aí. Mesmo que a sonoridade de AaRON lembre muita coisa que já tenhamos escutado por aí – como é possível notar em “Lost Highway”, que além da sua introdução doce e triste ao piano remete às tonalidades obscuras e nostálgicas das composições de Akira Yamaoka para a série de games “Silent Hill”, os loops e samplers ao longo da melodia, bem como o lirismo sutilmente etéreo do coro ao fundo, também deixa no ouvido os tilintares da parceria Matmos/Björk -, não é a identificação de um estilo musical no qual possa ser enquadrado que interessa aqui, mas sim o fato de que seu pop alternativo, hora afeito a eletronismos – como em “Endless Song”, cuja melodia de loops, reverberações e reversões de acordes de piano, guitarra e percussão lembra algo da música “These Good People”, da banda The Gathering -, hora com um amor pelo acústico – perceptível nos violões de acordes rápidos, curtos, cíclicos e lúgubres de “Mister K.”, cujas letras lidão de forma esplendidamente metafórica com o sentimento de traição -, preserva sempre uma sensação despertada no ouvinte que percorre e incide em todas as canções: uma tristeza inerente, um sofrimento contínuo, algo possível de ser identificado mesmo na agitação de canções como “O-Song”, crivada de guitarra e pianos dramáticos, curtos, sôfregos, programação em ritmo acelerado e vocal tenso. Claro que nada disso impede a dupla de dar uma folga na tristeza e amargura e criar letras onde a vida é encarada de forma mais positiva, como nas confissões de apoio e amor incondicional de “Little Love”, balada de piano, programação e sintetização de cordas doces e delicadas.
Além da servir ao indispensável propósito de deliciar os ouvidos com um punhado de músicas bem escritas e arranjadas, os rapazes do AaRON de quebra ainda sacodem o estereótipo das duplas de música francesa, muito mais famosas por coisas como o pop-pornô de “Je t’aime moi non plus” e a house babinha do Daft Punk.
Baixe o álbum utilizando o link a seguir e a senha para descompactar os arquivos.

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Gotan Project – Lunático. [download: mp3]

GotanDepois do sucesso de La Revancha del Tango, o Gotan Project – também conhecido como Jectpro Tango – retorna com o álbum Lunático. A música engendrada pelo trio europeu-americano prossegue insinuante, sensual, sedutora, hipnótica, delirante e poderosa, mas agora também ganha tonalidades acústicas sutis. Não resta dúvidas que o destaque absoluto do álbum é o single “Diferente”, que cativa imediatamente o ouvinte com sua melodia tecno-tango dançante, saborosa e irresistível: impossível passar por essa mistura magistral de beats, samplers, contrabaixo, acordeão e tecituras orquestrais sem voltar o player para ouví-la uma vez mais. De atmosfera menos romântica, “La Vigüela” também fascina, com seus versos recitados em dueto parte robotizado e sua harmonia assumidamente eletrônica, ainda que adornada pelo fogo do ritmo genuinamente argentino. “Arrabal” delicia os ouvidos com o vocal encantadoramente preciso de Cristina Vilallonga com a melodia da canção, recheada de violões e acordeão que duelam entre si, sobre a batida eletrônica suave ao fundo. A destreza musical do Gotan Project é tanta, que até vocais embebidos na fonte do gênero rap conseguem angariar a simpatia e apreciação do ouvinte na faixa “Mi Confesion”. Isso porque, obviamente, o subtexto aqui é o tango pós-moderno do trio, e as letras são poéticas e delicadas, diferentemente daquela coisa irascível e “inescutável” do gênero. As faixas que se apresentam mais instrumentais também tem seu lugar no novo álbum, como na orquestração soberbamente luminosa que enfeita “Criminal” e a recriação, que suaviza o sorumbatismo mas intensifica o drama de “Paris, Texas”, tema clássico da obra-prima de Win Wenders composto por Ry Cooder. “Lunático”, faixa-título do disco, com seu acordeon de tons breves, quase sem fôlego, remete à brevidade das corridas de cavalo – não por um acaso, já que seu nome foi herdado do cavalo de corrida que Carlos Gardel possuía. Contudo, a grande surpresa do segundo trabalho do Gotan Project são as faixas quase ou totalmente despidas de eletronismos. “Amore Porteño” prossegue melodicamente em uma toada desesperançada e trágica, o que coincide com o teor de seus versos. “Celos” segue na mesma toada, mas apropria-se ainda mais de um teor jazz/cabaré, denotado mais visivelmente pelos ruídos captados ao vivo.
Soberbo, o disco é uma belíssima fusão de tradição e contemporanismo, onde o dramatismo e a paixão tipicamente latinos ganham tonalidades ainda mais impactantes ao serem adornados pela sonoridade de samplers e demais manipulações eletrônicas. Merece lugar na coleção de CDs sem pestanejar. Baixe o disco por um dos links abaixo.

http://rapidshare.de/files/18417877/gotanprojectlunatico.zip

http://rapidshare.de/files/24840000/GzzzP_LuN.zip

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