Um dinossauro de crochê comete o maior de todos os sacrifícios para salvar a vida da raposa que ama.
Com o uso da clássica técnica de stop-motion, aplicada com primazia em cada detalhe, desde a ondulação da água até o desnovelar dos bonecos, e o apoio de uma trilha sonora que alterna com eficiência entre excitação, euforia e delicadeza, os diretores Andrew Goldsmith e Bradley Slabe trazem, em uma animação de pouco mais de 7 minutos, um dinossauro e uma raposa de crochê em uma pequena história que explora humor, ternura e amor com a eficácia que alguns longas-metragens não conseguem obter em duas horas de duração com o emprego de elencos milionários. Ambientado em um restaurante japonês que foi especificamente criado para servir de cenário para o curta, a conclusão deste singelo filme é de cortar o coração, mas é igualmente um retrato da resiliência e devoção do amor incondicional.
Tag: animacao
Um homem, já com certa idade e que vive em um desetto, persiste em buscar água para regar uma planta aparentemente sem vida já há muito tempo.
Este pequeno curta de seis minutos e meio, criado por um jovem artista chinês e outro jordaniano, não reinventa a roda, já que aos dois minutos de duração sem tem claramente idéia do que virá a seguir. Sua previsibilidade, no entanto, não se constitui em um defeito, pois é tão somente parte de sua dinâmica que não diminui em nada seu maior trunfo: a emoção. Com uma premissa e traços simples, os dois jovens artistas conseguem, de modo poderoso em um vídeo tão pouco ambicioso, captar uma emoção tão universal e profunda à vida humana que é provável que o espectador se pegue com os olhos cheios d’água no seu final.
Um homem que sofre de um transtorno de ansiedade ganha repentinamente uma indesejada e insólita companhia.
Utilizando a técnica de stop-motion em um curta de pouco mais de dez minutos, a dupla de diretores Anna Mantzaris e Eirik Grønmo Bjørnsen aborda com muita leveza, humor e sensibilidade a fobia social, um dos transtornos de ansiedade mais debilitantes. Os personagens, criados com um design bastante original, quase não fazem uso de falas, mas elas se fazem desnecessárias, uma vez que o enredo do curta-metragem está baseado em interações tão simples e cotidianas que não apenas fica fácil entender o que está acontecendo, mas consegue eficientemente aproximar o espectador dos conflitos vividos pelo protagonista vítima de um transtorno psicológico. O grande charme da animação, aliás, reside na interação entre este homem e a criatura fofinha, mas tão comicamente impertinente que, afrontando e testando o limite de seus receios, acaba o auxiliando a ousar fazer o que jamais conseguira antes.
O curta-metragem de animação do húngaro Gergely Wootsch, que conta com as vozes dos atores Bill Nighy e Stephen Mangan, não é a história feliz de um velhinho e um pássaro – a começar pelos personagens, que são, na verdade, um cadáver ambulante e um pombo rejeitado -, mas tem suas pitadas de humor em alguns instantes dos seus pouco mais de oito minutos. O estilo da animação, que remete aos primeiros experimentos de Tim Burton no gênero e aos clássicos filmes de terror em preto-e-branco, casa perfeitamente com a tonalidade da história que, se tem muito de melancólico, devo dizer que também é concluída com um soluço de esperança e conforto.
Deixe um comentárioÉ difícil uma animação criada por um oriental que não tenha suas raízes bem fincadas na forte identidade das produções daquela parte do mundo, em particular dos “animes”. “Desert Affair”, pequeno curta-metragem de Sou Matsumoto, certamente não foge desta influência tanto na dinâmica do argumento simples de sua história, quanto em sua atmosfera e personagens (o monstro que persegue a jovem com um bebê se sentiria em casa em um episódio de Pokémon), porém, curiosamente, é justamente no estilo da animação que a criação de Matsumoto descartou preservar muito da afinidade com as produções de sua terra, preferindo um traço mais simples, quase ocidental – e junto com o desfecho cômico da história, este é o seu maior charme.
Deixe um comentárioTirando proveito do tão conhecido recurso narrativo da mensagem na garrafa, a diretora e animadora Kirsten Lepore recupera o velho brilho das animações stop-motion infanto-juvenis que não apresentavam falas dos personagens – como a famosa Pingu, entre muitas outras produzidas nos anos 80 e 90 -, mas que conseguiam entreter ao transmitir idéias simples para o seu público-alvo. Em “Bottle”, a diretora conta a história de duas criaturas separadas por um oceano, uma feita de areia e outra de neve, que certo dia conseguem estabelecer comunicação trocando itens de seus respectivos habitats através de uma garrafa atirada no mar. Econômico em recursos, já que utiliza sonorização e ambientes naturais como cenários e itens que podem certamente ser encontrados perdidos e deixados pelo chão de quaisquer lugares como estes, o curta-metragem construído pela diretora difere um pouco de boa parte das inocentes produções que o inspiraram por conta do seu final, um tanto quando melancólico e shakespereano demais para gente de pouca idade. A universalidade do argumento simples, porém, preserva o teor infalível de diversão e encantamento dessas belos curtas que certamente ainda cai no gosto de boa parcela de crianças de hoje, bem como da maioria daqueles que já passaram há muito tempo desta fase.
download:
ifile.it/nef2tug/bottle_-_kristen-lepore.mp4
assista:
Bottle from Kirsten Lepore on Vimeo.
1 comentárioEran Hilleli, que vive atualmente em Tel Aviv, é daqueles estudantes de artes gráficas que fazem jus ao termo “arte” em sua produção. Prova disso é “Between Bears”, o vídeo que o jovem criou como seu trabalho de conclusão de seu curso de graduação: com um visual estilizadíssimo, exibindo uma ambientação etérea e distante e cujos desenhos são todos feitos partindo de formas geométricas de ângulos fortes, o curta-metragem brevíssimo traz como personagens ursos melancólicos e peregrinos silenciosos em uma história com inequívocas reminiscências metafísicas. A trilha utilizada, composições do amigo músico Ori Avni com algumas vocalizações da cantora Daniela Spector, reforça a delicadeza que transpira no visual sofisticado criado pelo artista. É uma tremenda viagem minha, mas vale comentar que o idílico encontro entre os dois ursos da trama no final do vídeo me trouxe à mente algo de “A Dupla Vida de Véronique”, obra-prima inquestionável do mestre do cinema Krzysztof Kieslowski. A criação de Hilleli é tão tocante e intensamente poética que seu único defeito é durar tão pouco – terminei o vídeo querendo ver muito mais deste jovem artista.
Deixe um comentárioVincent é um garoto de 7 anos como qualquer outro, a não ser pelo fato de que, ao invés de adorar contos-de-fadas ele tem fascinação por Edgar Allan Poe e no lugar de fantasias sobre soldados e super-heróis, nelas ele imagina ser Vincent Price, o ator famoso por conta de seus filmes clássicos de terror. Este curta-metragem, produzido em 1982, em apenas 6 minutos faz um compêndio do tudo o que inspira e define o estilo gótico de seu criador, Tim Burton: a técnica utilizada é a stop-motion, que foi adotada por ele em dois outros longa-metragens; ao invés de cores, a cenografia é em um preto e branco que realça o estilo dark da animação, como feito mais tarde em “Ed Wood”; Edgar Allan Poe, obsessão do garoto que protagoniza o filme, é também um dos escritores com o qual o estilo do diretor mais se assemelha e, finalmente, Vincent Price não apenas é o narrador do poema que acompanha a animação, mas o ídolo confesso de Burton, a quem ele convidaria para participar de um de seus filmes mais emblemáticos, “Edward Mãos de Tesoura”. Assista ao divertido curta-metragem neste link do YouTube, com legendas em português, e baixe o arquivo dele em vídeo de alta-qualidade utilizando este outro link.
1 comentárioO curta-metragem “Tir Nan Og” faz, de modo poético e extramente emocionante, uma metáfora sobre a morte e o adeus aqueles que amamos. O filme, com visual arrojado que faz uma mistura primorosa de animação tradicional e digital, foi o trabalho de conclusão dos estudos do diretor francês Fursy Teyssier, e demonstra que o seu enorme talento poderia ser aproveitado em aventuras ainda mais ambiciosas. A trilha sonora merece destaque à parte: a canção utilizada com trilha do filme é a espetacularmente bela e delicada de “The Slow Wait”, da dupla de música experimental americana The American Dollar. Infelizmente, não consegui encontrá-la disponível em mp3. Mas fica aqui o filme, via este link do YouTube ou neste outro ainda, para download em qualidade de imagem maior.
2 ComentáriosEste curta metragem, ambientado em um mundo obscuro e sinistro, mostra Jojo, a trapezista que é a principal atração de um show de aberrações que toma lugar toda noite em um castelo soturno. Entre a imensa platéia, sedenta pelo desfile de bizarrices esta uma criatura que se faz presente apenas para admirar Jojo todas as noites. Talvez entendendo que a estrela do evento vive solitária e aprisionada, a criatura decide libertá-la, ao mesmo tempo que finalmente tenta aproximar-se de seu amor. No entanto, a paixão dos dois não passou despercebida pelo organizador da atração noturna e, assim, a fuga dos dois talvez tome rumos inesperados e drásticos.
Muito além da animação e estilo do curta, o que mais encanta é a trilha sonora, que lembra vagamente a de um dos meus curta-metragens preferidos dos últimos tempos, “Over Time”. Assista via este link do YouTube ou baixe através deste outro link.