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Rufus Wainwright – Poses (+ 2 faixas bônus) [download: mp3]

Em seu segundo álbum, Rufus Wainwright já vinha demonstrando todo o requinte da poética de suas letras e de suas composições fartas de instrumentação. O álbum do genial cantor, pianista e compositor canadense começa com a irônica e divertida “Cigarettes And Chocolate Milk”, que cita os vícios do cantor, dos mais ingenuamente nocivos, como os itens que entitulam a música, aos mais pesados, que, deliciosamente, Rufus diz em sua canção que por diversas razões não citaria. A melodia tem tremanda docilidade, utilizando, como é comum na musicografia do artista, boas dosagens de piano, orquestração em cordas e teclados suaves. O vocal do cantor brinca com a ironia da letra, deixando-a ainda mais sarcástica – a música é tão irresistível quantos os vícios que ela cita. “Greek Song” é intensamente lírica: a melodia é uma verdadeira orgia orquestral, utilizando uma imensa variedade de instrumentos que constroem uma melodia de sutiliezas orientais e de espetacular grandeza sonora, e a letra é de uma poética impressionante, sobre um homem que fala como seu amante o excita e o seduz e propõe à este uma vida de liberdade e paixão. “Poses”, faixa título do álbum que inicia com um piano tão triste quanto o vocal do artista, acompanhando melodia melancólica e vagarosa, ganha tonalidades mais grandiosas, mas ainda tristes, à medida que a letra, novamente de uma beleza poética esfusiante, avança. E esta trata do mundo das poses, das grifes, das aparências e também, de decadência. “Shadows” tem tecitura melódica pop mais animada, com guitarra, baixo, bateria e programação eletrônica que iluminam a melodia – claro, as orquestrações, soberbamente deliciosas, não faltam aqui. A letra, feita de versos de delírio pop-romântico, tem mais simplicidade do que a das canções anteriores. Na faixa seguinte, “California”, Rufus ironiza todo o glamour da terra das estrelas americanas, mostrando que seus fascínios são tão pueris e falsos que prefere ficar dormindo à viver isso. A melodia, assim como na faixa anterior, envereda por um pop bem animado, recheado de violões de acordes rápidos, bateria cadenciada, backing vocals e de um Rufus aproveitando cada verso de sua música em um cantar vívido. “The Tower Of Learning” é uma das canções mais lindas de Rufus: sua melodia melancólica é construída em um crescendo esplendoroso, baseado em piano de acordes dramáticos, vocais sobrepostos e programação eletrônica lindíssima, que surge espetacular na metade final da canção. A letra é simplesmente uma obra-prima lírica, que utiliza as belezes de Paris como constrate com a profundo sofrimento afetivo do eu lírico da canção – difícil não chorar diante de tamanha beleza. “Grey Gardens” começa com uma fala feminina, logo sobreposta pela melodia viogrosamente pop, com farto uso de acordes de piano e teclado e complementação sonora de bateria, guitarra e baixo. Assim como em “Shadows”, a letra é mais simples, uma canção de amor sem tristezas, apenas exposição de desejos e delírios amorosos. “Rebel Prince” é mais um dos primores dee Rufus: a melodia inicia-se algo quieta e introspectiva, para logo surgir mais vistosa e apaixonada, combinando com o vocal doce e repleto de amor do cantor. A letra combina versos em inglês com trechos em francês, e fala sobre um “príncipe rebelde” que é o pretenso e algo ilusório objeto de amor de quem canta – é uma canção elegantissimamente soberba. “The Consort” tem piano, violões e vocais pesarosos e um pouco sorumbáticos, ganhando metais regenciais na sua sequência final. Na letra, o fiel, solícito e resignado companheiro de uma jovem rainha tenta incentivar-lhe em sua dura caminhada. A faixa seguinte, “One Man Guy”, tem melodia triste baseada apenas em vocais e violão, ambos totalmente dentro do estilo country. A canção, originalmente composta pelo pai de Rufus – que é um artista da música country – é feita de versos de um homem que revela o quão solitária sua vida é – a versão de Rufus é fantástica. “Evil Angel”, em cujas letras alguém revela a sua paixão e seu amor ferido, tem melodia grandiosa, em mais um crescendo vigorosíssimo, produzido pelas orquestração de cordas algo sinistras a lá trilha de suspense e que explodem épicamente com os metais, a primorosa programação eletrônica e o vocal gritante, sem medo, de Rufus – mais uma canção espetacular do artista canadense. A penúltima faixa do disco é “In a Graveyard”. Com melodia simples e delicada, produzida apenas pelos acordes doces e tristes do piano e o cantar emotivo de Rufus, a letra fala sobre as divagações filosófico poéticas de alguém que já se encontra morto mas que conclui feliz, sabendo que um dia voltará à vida. Fechando o disco, temos uma versão alternativa, com uma programção eletrônica mais pop, da primeira faixa do álbum, “Cigarettes And Chocolate Milk”.
Poses” não pode ser considerado uma “evolução” ou “aprimoramento” na discografia de Rufus Wainwright simplesmente porque em seu disco de estréia o cantor e compositor já tinha composto um trabalho feito de melodias sofisticadas, de clara inspiração erudita e operística, e letras de poética abundante. Na verdade, Poses foi mais um álbum em que Rufus trouxe à tona mais músicas de esbanjante qualidade, todas transbordando enorme elegância e erudição. Na mundo da música pop, sem dúvidas, não há ninguém que chegue perto da fabulosa qualidade de Rufus Wainwright. É um disco pelo menos uma vez de uma maneira mais estudada e cuidadosa, destrinchando cada sutileza melódica e lírica que o artista arquitetou.
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Baixe: http://www.mediafire.com/file/37422771l4boqzj/rufus-poses.zip

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