Assistindo o vídeo com o preview da nova fase do um dia glorioso MySpace, me chamou a atenção a canção utilizada como trilha, uma faixa com uma base bem ritmada de bateria, riffs bem marcados de baixo, guitarras farfalhando em uma suave maresia e em um solo equilibrado, sintetizações discretas e um vocal que fica na cabeça já no primeiro contato. Claro, corri atrás pra descobrir do que se tratava. É “Heartbeat”, single do disco de estréia do JJAMZ, mais uma banda formada por membros de outros grupos já estabelecidos ou que tem alguma trajetória no indie/pop/rock: The Like, Maroon 5, Rilo Kiley, Bright Eyes e Phantom Planet. Reunida com o objetivo de espairecer descontentamentos pessoais e de cada membro em suas respectivas bandas, as composições pisam firme nos domínios do pop/rock e contam com uma produção bem caprichada. A idéia surgiu repentinamente entre os amigos no karaokê do club Guys em Los Angeles, depois da vocalista Z Berg ter cantado “Criminal”, de Fiona Apple, o que parece ter funcionando como inspiração para o grupo, que poucas horas depois escreveu e gravou a primeira música, “Square One”, uma faixa com guitarras bem marcadas, bateria solidamente ritmada e um vocal impecável de Berg. Daí em diante tudo seguiu naturalmente e o disco de dez faixas rendeu algumas composições muito boas para uma estréia cuja idéia surgiu tão descompromissadamente. Além das canções já comentadas, “Never Enough” é uma balada rock que encanta de imediato com o refrão certeiro, a bateria firme e guitarra e baixo que discretamente constroem o tecido melódico sobre o qual o vocal de Z Berg desliza com tranquilidade. “LAX”, com acordes de guitarra que vibram em uma harmonia luminosa, é um dueto onde Alex Greenwald e Z mostram desenvoltura ao cantar sobre um casal que se encontra no aeroporto da cidade de Los Angeles, e aceitando o convite do acaso, entregam-se estrada afora no melhor estilo carpe diem. “You Were My Home” é outra balada pop/rock deliciosa com toda a cara de single infalível: guiada por violões macios, uma bateria bem sincopada e frêmitos cintilantes de guitarra, é impossível não querer emular o cantar sutilmente sofrido de Z Berg. Fechando o disco, o conjunto de órgãos lânguidos, guitarras e violões amargurados, bateria arrastada e vocal suave de “Can I Change My Mind” envereda pelos baladões fantásticos que tem um pézinho tímido no country com elegância e sensualidade semelhante do The Cardigans ou da menos conhecida dupla The Watson Twins, caindo fácil no gosto de quem ouve. O difícil é saber se a banda vai seguir muito além da estréia, já que não poucas vezes estes projetos musicais paralelos tendem a desbotar e perder forçar depois de algum tempo. Bom gosto e cuidado na produção do pop/rock esta ocasional reunião de talentos tem para uma razoável carreira em potencial, mas o mundo da música, apesar de ser suficientemente variado e grande o bastante para quase todos terem o seu espaço, também é bem imprevisível – a não ser que você faça o patentemente óbvio, como a maioria que lidera as vendas de discos e singles hoje em dia, angariando seu lugar como tema de novela e trilha de slideshow com fotos de casal comemorando seu um ano de relação. Aí, meu caro, o orgulho do estrelato é garantido. Com a plebe, obviamente.
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